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Sindicatos anunciam fim da greve de policiais
Entidades disseram que atendimento foi normalizado ontem, após 58 dias de greve; governo confirma retorno ao trabalho
Serra sancionou ontem um pacote de leis que beneficia a categoria, como o
reajuste de 6,5%
retroativo a novembro
ROGÉRIO PAGNAN
DA REPORTAGEM LOCAL
Lideranças sindicais dos policiais civis de São Paulo anunciaram ontem que foi normalizado o atendimento à população, após 58 dias de greve, em
cumprimento à ordem do STF
(Supremo Tribunal Federal).
"Ordem judicial não se discute; certa ou errada, deve ser
cumprida. O principal disso é
que o governo passou a nos respeitar", disse o presidente da
associação dos delegados, Sergio Roque. Ele afirmou que a
orientação dada ontem pelas
entidades que representam a
categoria foi normalizar imediatamente o trabalho.
O presidente do sindicato
dos delegados, José Leal, também comemorava ontem o resultado da greve. "É um fato
histórico. Poder fazer uma greve e conseguir executá-la."
Os relatórios recebidos ontem pelo governo apontavam
que todas as unidades do Estado tinham cumprido a ordem
do STF, que considerou ilegal o
movimento dos policiais.
Em Ribeirão Preto (313 km
de SP), apesar de a entidade
sindical local informar que a
greve ainda não tinha sido suspensa, o atendimento estava
normal nas delegacias visitadas
pela reportagem.
Prejudicados
Agora, as entidades sindicais
pretendem lutar contra as punições aos policiais que aderiram à greve -a primeira na história da Polícia Civil de São
Paulo, segundo as entidades-
que prejudicou cerca de 250
mil pessoas no Estado.
A estimativa de prejudicados
foi feita pela reportagem com
base no número de boletins de
ocorrência que deixaram de ser
registrados nos 14 primeiros
dias de paralisação -cerca de
4.300 por dia, de acordo com os
dados estatísticos divulgados
trimestralmente pelo governo
de São Paulo. Esse número representa cerca de 10% de todos
os registros feitos pela polícia.
Para a Secretaria da Segurança, houve adesão ao movimento de 10% do efetivo na capital e Grande SP e de 30% no
interior. Os manifestantes
apontam adesão de 80% e
100%, respectivamente.
Ainda segundo a secretaria,
foram abertos um inquérito e
mais 25 procedimentos preliminares pela Corregedoria da
Polícia Civil, em razão da greve.
Entre as investigações está
uma série de denúncias de prevaricação -crime cometido
por funcionário público quando retarda ou deixa de praticar
o ato do ofício.
Também é investigado pela
corregedoria o tumulto ocorrido em outubro, perto do Palácio dos Bandeirantes, quando
policiais civis e militares se enfrentaram e mais de 30 pessoas
ficaram feridas.
O governador José Serra
(PSDB) sancionou ontem quatro projetos de lei que beneficiam os policiais. As medidas,
como o reajuste de 6,5% retroativo a 1º de novembro, fazem parte do acordo firmado
entre o governo e as lideranças
grevistas para pôr fim à
paralisação.
A lei será publicada na edição
de hoje do "Diário Oficial".
Colaborou ROBERTO MADUREIRA, da Folha Ribeirão
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