São Paulo, sexta-feira, 14 de novembro de 2008

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Sindicatos anunciam fim da greve de policiais

Entidades disseram que atendimento foi normalizado ontem, após 58 dias de greve; governo confirma retorno ao trabalho

Serra sancionou ontem um pacote de leis que beneficia a categoria, como o reajuste de 6,5% retroativo a novembro

ROGÉRIO PAGNAN
DA REPORTAGEM LOCAL

Lideranças sindicais dos policiais civis de São Paulo anunciaram ontem que foi normalizado o atendimento à população, após 58 dias de greve, em cumprimento à ordem do STF (Supremo Tribunal Federal).
"Ordem judicial não se discute; certa ou errada, deve ser cumprida. O principal disso é que o governo passou a nos respeitar", disse o presidente da associação dos delegados, Sergio Roque. Ele afirmou que a orientação dada ontem pelas entidades que representam a categoria foi normalizar imediatamente o trabalho.
O presidente do sindicato dos delegados, José Leal, também comemorava ontem o resultado da greve. "É um fato histórico. Poder fazer uma greve e conseguir executá-la."
Os relatórios recebidos ontem pelo governo apontavam que todas as unidades do Estado tinham cumprido a ordem do STF, que considerou ilegal o movimento dos policiais.
Em Ribeirão Preto (313 km de SP), apesar de a entidade sindical local informar que a greve ainda não tinha sido suspensa, o atendimento estava normal nas delegacias visitadas pela reportagem.

Prejudicados
Agora, as entidades sindicais pretendem lutar contra as punições aos policiais que aderiram à greve -a primeira na história da Polícia Civil de São Paulo, segundo as entidades- que prejudicou cerca de 250 mil pessoas no Estado.
A estimativa de prejudicados foi feita pela reportagem com base no número de boletins de ocorrência que deixaram de ser registrados nos 14 primeiros dias de paralisação -cerca de 4.300 por dia, de acordo com os dados estatísticos divulgados trimestralmente pelo governo de São Paulo. Esse número representa cerca de 10% de todos os registros feitos pela polícia.
Para a Secretaria da Segurança, houve adesão ao movimento de 10% do efetivo na capital e Grande SP e de 30% no interior. Os manifestantes apontam adesão de 80% e 100%, respectivamente.
Ainda segundo a secretaria, foram abertos um inquérito e mais 25 procedimentos preliminares pela Corregedoria da Polícia Civil, em razão da greve.
Entre as investigações está uma série de denúncias de prevaricação -crime cometido por funcionário público quando retarda ou deixa de praticar o ato do ofício.
Também é investigado pela corregedoria o tumulto ocorrido em outubro, perto do Palácio dos Bandeirantes, quando policiais civis e militares se enfrentaram e mais de 30 pessoas ficaram feridas.
O governador José Serra (PSDB) sancionou ontem quatro projetos de lei que beneficiam os policiais. As medidas, como o reajuste de 6,5% retroativo a 1º de novembro, fazem parte do acordo firmado entre o governo e as lideranças grevistas para pôr fim à paralisação.
A lei será publicada na edição de hoje do "Diário Oficial".


Colaborou ROBERTO MADUREIRA, da Folha Ribeirão


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