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Empresas do setor vão debater apagão uma semana depois
SAMANTHA LIMA
DA SUCURSAL DO RIO
Uma semana após o blecaute
que atingiu moradores de 18
Estados, o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) vai
reunir na terça cerca de 70 representantes das empresas envolvidas no episódio para discutir as causas do apagão.
Foram chamados técnicos de
Itaipu, de Furnas, das usinas
paralisadas (como Angra 1 e 2),
das concessionárias e das empresas estaduais de transmissão. A justificativa do ONS para
a demora de sete dias para a
reunião foi que ainda estavam
sendo levantadas informações
a serem analisadas.
Técnicos do ONS rebateram
a informação do presidente da
Eletrobrás, José Antônio Muniz, de que o mau funcionamento de um mecanismo de
proteção do sistema permitiu o
alastramento do apagão. Segundo ele, o Erac (Esquema Regional de Alívio da Carga) "não
funcionou como o esperado".
O Erac é um sistema coordenado pelo ONS que obriga as
concessionárias a criar uma escala de prioridades para desligamento da energia em caso de
risco de oscilação da carga.
Manutenção
As três linhas de transmissão
desligadas e as subestações por
onde passam estiveram na mira do ONS em 2007 por falta de
condições de funcionamento,
mostrou o "Portal Exame".
Segundo documento produzido na época pelo operador, as
duas linhas entre as subestações de Ivaiporã (PR) e Itaberá
(SP) e a linha entre Itaberá e Tijuco Preto (SP) tinham equipamentos "superados" -não
eram capazes de suportar a carga em situação de interrupção
simultânea em dois trechos.
A recomendação expressa do
ONS era a de que Furnas agilizasse "o processo de substituição" dos equipamentos.
Procurada, Furnas afirmou
que reforçou "mais de 3.400
torres das linhas de transmissão na região indicada pelo
ONS, origem do último blecaute", e que a qualidade do sistema é de "99,5%, compatível
com os indicadores das melhores empresas do mundo".
O ONS também disse que a
manutenção foi feita e que "a
não realização de correções
desse tipo acarreta multas à
empresa responsável".
Milissegundos
O ONS apurou que houve
três curtos-circuitos nas linhas
de transmissão vindas de Itaipu, que ocorreram no intervalo
de 120 milissegundos. Esse tipo
de evento nunca tinha ocorrido
no sistema de transmissão.
O órgão informou que tem
dados técnicos que comprovam
a coincidência de descargas na
região de Itaberá (SP). Segundo
Hermes Chipp, diretor-geral
do ONS, o fato de especialistas
em meteorologia afirmarem
que não houve incidência de
raios na região não é importante. "O que importa é saber se
houve descarga nas linhas a
ponto de derrubar o circuito. E
isso está comprovado", disse.
Colaborou FERNANDO RODRIGUES , da Sucursal de Brasília.
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