São Paulo, sábado, 14 de novembro de 2009

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Empresas do setor vão debater apagão uma semana depois

SAMANTHA LIMA
DA SUCURSAL DO RIO

Uma semana após o blecaute que atingiu moradores de 18 Estados, o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) vai reunir na terça cerca de 70 representantes das empresas envolvidas no episódio para discutir as causas do apagão.
Foram chamados técnicos de Itaipu, de Furnas, das usinas paralisadas (como Angra 1 e 2), das concessionárias e das empresas estaduais de transmissão. A justificativa do ONS para a demora de sete dias para a reunião foi que ainda estavam sendo levantadas informações a serem analisadas.
Técnicos do ONS rebateram a informação do presidente da Eletrobrás, José Antônio Muniz, de que o mau funcionamento de um mecanismo de proteção do sistema permitiu o alastramento do apagão. Segundo ele, o Erac (Esquema Regional de Alívio da Carga) "não funcionou como o esperado".
O Erac é um sistema coordenado pelo ONS que obriga as concessionárias a criar uma escala de prioridades para desligamento da energia em caso de risco de oscilação da carga.

Manutenção
As três linhas de transmissão desligadas e as subestações por onde passam estiveram na mira do ONS em 2007 por falta de condições de funcionamento, mostrou o "Portal Exame".
Segundo documento produzido na época pelo operador, as duas linhas entre as subestações de Ivaiporã (PR) e Itaberá (SP) e a linha entre Itaberá e Tijuco Preto (SP) tinham equipamentos "superados" -não eram capazes de suportar a carga em situação de interrupção simultânea em dois trechos.
A recomendação expressa do ONS era a de que Furnas agilizasse "o processo de substituição" dos equipamentos. Procurada, Furnas afirmou que reforçou "mais de 3.400 torres das linhas de transmissão na região indicada pelo ONS, origem do último blecaute", e que a qualidade do sistema é de "99,5%, compatível com os indicadores das melhores empresas do mundo".
O ONS também disse que a manutenção foi feita e que "a não realização de correções desse tipo acarreta multas à empresa responsável".

Milissegundos
O ONS apurou que houve três curtos-circuitos nas linhas de transmissão vindas de Itaipu, que ocorreram no intervalo de 120 milissegundos. Esse tipo de evento nunca tinha ocorrido no sistema de transmissão.
O órgão informou que tem dados técnicos que comprovam a coincidência de descargas na região de Itaberá (SP). Segundo Hermes Chipp, diretor-geral do ONS, o fato de especialistas em meteorologia afirmarem que não houve incidência de raios na região não é importante. "O que importa é saber se houve descarga nas linhas a ponto de derrubar o circuito. E isso está comprovado", disse.


Colaborou FERNANDO RODRIGUES , da Sucursal de Brasília.


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