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Em 3 anos, denúncias de falsos médicos crescem 336% em SP
Para conselho de medicina, aumento se deve à precariedade da terceirização dos serviços de saúde e à pena branda ao crime
Maioria dos casos é de pessoas que atuavam em serviços públicos contratadas por falsas cooperativas ou por organizações sociais
CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL
Em três anos, o número de
denúncias de falsos médicos
atuando no Estado de São Paulo aumentou 336% (de 11 para
48), segundo o Cremesp (conselho de medicina paulista). Já
os casos de exercício ilegal da
profissão médica cresceram
175% (de 8 para 22).
Para o conselho, o aumento
se deve a dois fatores: à precariedade do processo de terceirização dos serviços de saúde e à
pena branda aplicada ao crime
de exercício ilegal da medicina
(seis meses de detenção).
Segundo o presidente do
Cremesp, Henrique Carlos
Gonçalves, a maioria das denúncias se refere a pessoas que
atuavam em serviços públicos e
que foram contratadas por falsas cooperativas médicas ou
por organizações sociais (OSs).
A administração dos serviços
de saúde por empresas privadas foi uma das principais bandeiras do governador José Serra (PSDB), quando se elegeu
prefeito de São Paulo, e o projeto foi ampliado na gestão de
Gilberto Kassab (DEM).
Gonçalves afirma que o aumento das denúncias coincide
com a expansão da terceirização da saúde. "Muitos casos são
de puro desleixo de quem contrata esses médicos. Bastaria
uma conversa de 15 minutos
entre um médico verdadeiro e
um falso para a farsa cair."
Os falsos médicos agem como estelionatários profissionais: usam o nome, o registro
profissional (CRM) e todos os
dados pessoais de um médico
verdadeiro. Alguns chegam a
clonar o currículo da vítima,
com os títulos acadêmicos e as
participações em congressos.
Além da atuação nos serviços
de saúde, há falsos médicos que
trabalham em "consultórios"
particulares ou na venda de receitas médicas e atestados médicos para justificar dispensas
no trabalho.
Para Gonçalves, as denúncias
que chegam ao conselho são
apenas a "ponta do iceberg".
"Elas ocorrem quando o falso
médico pratica alguma barbaridade ou é descoberto por algum
colega de trabalho."
Co-responsáveis
Já os médicos que exercem
ilegalmente a profissão são estrangeiros ou brasileiros formados em medicina no exterior e que não cumpriram as
exigências legais de revalidação
e de reconhecimento do diploma estrangeiro pelo Ministério
da Educação.
Há também casos de outros
profissionais da saúde que são
denunciados por executar atos
que são privativos dos médicos,
como receitar medicamentos.
De acordo com o presidente
do Cremesp, ao contratar falsos
médicos ou profissionais em situação irregular, secretarias de
Saúde, hospitais, cooperativas
e organizações sociais podem
ser co-responsabilizados legal e
eticamente.
No site do Cremesp (www.cremesp.org.br), é
possível verificar nome e CRM
de todos os médicos registrados e em atividade no Estado.
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