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Famílias divergem sobre sair da roça e ir para cidade
DA AGÊNCIA FOLHA, EM ITACARAMBI
As 76 famílias de desabrigados da extinta comunidade em Itacarambi (662 km de
Belo Horizonte) estão divididas. Dependentes do trabalho na roça, elas se surpreenderam com a escolha de uma
área na cidade para refazer a
vida, após o tremor que danificou casas e deixou uma
criança morta e seis feridos.
A decisão do prefeito José
Ferreira de Paula (DEM) de
construir as casas no bairro
São José, na periferia de Itacarambi, gera incertezas.
O aposentado José Martins Soares, 65, que recebe
R$ 380 do INSS, diz se preocupar com quem depende do
campo. "Para quem precisa
da roça, a cidade não é boa."
Em uma das creches, foram ouvidas 11 famílias que
estão temporariamente no
local. Cinco concordam em
viver na cidade -entre elas, a
de Soares. Quatro foram contrárias. Duas estão indecisas.
"A minha renda está na roça. É lá que tem movimento
de trabalho", diz Aldivino
Nunes de Souza, 39, dois filhos, beneficiário do Bolsa
Família (R$ 95) e até então
cultivador em meio hectare
de um terreno da comunidade de Caraíbas.
Expedito Lopes Leite, 36,
casado, três filhos, beneficiário do Bolsa Família (R$ 35),
também depende da roça,
mas diz se conformar se a solução for viver na cidade.
Há casos de quem realmente prefere a vida urbana.
Maria Aparecida dos Santos
Mota, 28, cujo marido depende do trabalho na roça,
diz que "ficará contente de
morar na cidade". O terreno
a ser doado foi comprado pelo município há cinco anos.
A Associação dos Pequenos Produtores Rurais das
Caraíbas diz querer que as
famílias sejam colocadas na
fazenda -que tem como um
dos sócios o prefeito José
Ferreira de Paula (DEM).
Ele ofereceu a fazenda, mas
foi tachado de "oportunista"
pela oposição. Anteontem,
admitiu ter sido "infeliz" e
anunciou o terreno em São
José.
(PAULO PEIXOTO)
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