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Fiscalização maior reduz biopirataria via Correios
Com mais aparelhos de raio-X, 4.500 espécies deixaram de ir para o exterior
Ibama e Receita Federal recolheram orquídeas, aranhas, escorpiões e insetos apreendidos no segundo semestre de 2007
CINTHIA RODRIGUES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Cerca de 300 orquídeas, 576
aranhas caranguejeiras, escorpiões, borboletas, formigas,
vespas, libélulas e besouros e
3.670 conchas e moluscos marinhos foram retirados ontem
da sede dos Correios, no Jaguaré, zona oeste de São Paulo. Todos seriam mandados ilegalmente para o exterior por correspondência e foram apreendidos pelo Ibama e a Receita
Federal durante o segundo semestre de 2007.
A operação foi batizada de
Arca de Noé.
A soma das espécies corresponde a mais de 4.500 itens,
número parecido com o de todo
o ano passado, quando foram
retidos 4.768 organismos. Segundo a superintende do Ibama, Analice de Novais Pereira,
o total cresce a cada ano porque, hoje, há aparelhos de raio-X que facilitam a detecção de
organismos.
"No ano passado tivemos um
número bem maior de insetos
que seriam usados pela comunidade pesquisadora internacional. Acho que os cientistas
estão, finalmente, entendendo
que é preciso preencher a burocracia direitinho, mesmo que
demore. Ninguém quer impedir a pesquisa, só precisamos
manter o controle", diz.
Enviar qualquer espécime da
fauna silvestre nativa (ou em
rota migratória) para o exterior
sem declarar a finalidade e ter
um órgão remetente autorizado a criar (ou recolher o organismo) são crimes de biopirataria. A multa vai de R$ 10 mil a
R$ 5 milhões, de acordo com a
quantidade de espécimes.
As conchas e moluscos foram
retiradas do litoral do Espírito
Santo e do Nordeste brasileiro
e tinham, como destino, países
europeus -principalmente a
Rússia. Nestes locais, seriam
vendidos com iguarias gastronômicas e peças para confecções de artesanato sofisticado.
As orquídeas estavam em sete volumes diferentes, todos
endereçados à Alemanha; e os
insetos, aracnídeos e escorpiões iriam de Manaus (AM)
para a Suíça.
No caminho inverso, foram
apreendidas duas peles de raposas que vinham da China para o Brasil, também sem autorização do Ibama.
Os remetentes e destinatários estão sendo investigados
pela Receita Federal. O total
das multas deve chegar a R$ 2,3
milhões. Além disso, quem exporta espécimes está sujeito à
mesma pena de quem extrai e
mata espécimes: detenção de
seis meses a um ano.
Mudas e DNA
Segundo a superintendente
do Ibama, o material retirado
ontem dos Correios será agora
enviado a institutos de pesquisa como o Butantã. "Agora que
a agressão já foi feita, o mínimo
que a gente pode fazer é aproveitar isso de alguma forma",
diz Pereira.
Boa parte das orquídeas ainda está viva e poderá ser salva
com o replantio ou o reaproveitamento de mudas. Das espécimes mortas, é possível extrair o
DNA para o desenvolvimento
de novas pesquisas.
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