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Prefeitura tira vagas da ruas e atrasa garagens
Rogério Cassimiro/Folha Imagem
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Abordado para ceder vaga, flanelinha anota horário em que o carro estaciona para controlar cobrança
DA REPORTAGEM LOCAL
A expansão dos flanelinhas em São Paulo é estimulada pela falta de uma
política de estacionamento organizada pelo município, avaliam especialistas. Na prática, a opinião
majoritária dos técnicos
contempla duas sugestões:
a retirada de vagas das vias
públicas, especialmente
em áreas centrais; e a
construção de garagens
subterrâneas para os veículos, mesmo que a tarifa
não seja modesta.
Nos últimos cinco meses, a gestão Gilberto Kassab (DEM) fez alterações
nos estacionamentos em
ruas dos Jardins, Pinheiros, Vila Olímpia e Moema, que levaram à retirada
de 1.569 vagas e à implantação de 790 -como saldo,
diminuição de 779 lugares
para os carros parados no
sistema viário.
Por outro lado, a promessa repetida há anos de
criar alternativas para a
escassez de estacionamentos -como a construção de garagens subterrâneas- nem sequer começou a sair do papel.
A Emurb (Empresa Municipal de Urbanização) se
limita a declarar que está
hoje em análise a modelagem jurídica para a implantação das garagens.
Estudos contratados pela prefeitura nos últimos
anos apontaram haver déficit de 10 mil vagas no
centro de São Paulo -para
um total de 40 mil existentes em locais privados.
A prefeitura chegou a
preparar as licitações para
construir seis garagens
subterrâneas (nas regiões
do Mercadão, da praça Ramos de Azevedo, do Pátio
do Colégio, da praça João
Mendes, da praça Dom José Gaspar e da avenida São
João, ao lado do Anhangabaú), mas os processos não
tiveram continuidade.
"São Paulo tem uma
permissividade enorme
para estacionamento em
via pública", diz Renato
Balbin, coordenador nacional do programa de reabilitação de áreas urbanas.
"Só existe flanelinha
porque existe demanda. O
espaço público deveria ser
usado para a circulação
das pessoas e dos veículos.
Usar a rua como estacionamento é um absurdo em
um centro metropolitano", afirma Marco Antonio Ramos de Almeida, superintendente da associação Viva o Centro.
O discurso é repetido
pelo urbanista Cândido
Malta. "A rua foi feita para
andar, não para estacionar. O cidadão não pode
ter a opção de estacionar
em detrimento do interesse geral."
A justificativa dos especialistas é que, diante da
escassez do espaço viário,
a prioridade deve ser dada
ao pedestre e ao transporte coletivo, que são as modalidades de deslocamento mais econômicas e menos prejudiciais à sociedade. Para quem quiser andar de carro no centro, onde existem alternativas de
metrô e de ônibus, a maioria defende a oferta de estacionamentos particulares, como os subterrâneos.
(AI)
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