São Paulo, domingo, 14 de dezembro de 2008

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Prefeitura tira vagas da ruas e atrasa garagens

Rogério Cassimiro/Folha Imagem
Abordado para ceder vaga, flanelinha anota horário em que o carro estaciona para controlar cobrança

DA REPORTAGEM LOCAL

A expansão dos flanelinhas em São Paulo é estimulada pela falta de uma política de estacionamento organizada pelo município, avaliam especialistas. Na prática, a opinião majoritária dos técnicos contempla duas sugestões: a retirada de vagas das vias públicas, especialmente em áreas centrais; e a construção de garagens subterrâneas para os veículos, mesmo que a tarifa não seja modesta.
Nos últimos cinco meses, a gestão Gilberto Kassab (DEM) fez alterações nos estacionamentos em ruas dos Jardins, Pinheiros, Vila Olímpia e Moema, que levaram à retirada de 1.569 vagas e à implantação de 790 -como saldo, diminuição de 779 lugares para os carros parados no sistema viário.
Por outro lado, a promessa repetida há anos de criar alternativas para a escassez de estacionamentos -como a construção de garagens subterrâneas- nem sequer começou a sair do papel.
A Emurb (Empresa Municipal de Urbanização) se limita a declarar que está hoje em análise a modelagem jurídica para a implantação das garagens.
Estudos contratados pela prefeitura nos últimos anos apontaram haver déficit de 10 mil vagas no centro de São Paulo -para um total de 40 mil existentes em locais privados.
A prefeitura chegou a preparar as licitações para construir seis garagens subterrâneas (nas regiões do Mercadão, da praça Ramos de Azevedo, do Pátio do Colégio, da praça João Mendes, da praça Dom José Gaspar e da avenida São João, ao lado do Anhangabaú), mas os processos não tiveram continuidade.
"São Paulo tem uma permissividade enorme para estacionamento em via pública", diz Renato Balbin, coordenador nacional do programa de reabilitação de áreas urbanas.
"Só existe flanelinha porque existe demanda. O espaço público deveria ser usado para a circulação das pessoas e dos veículos. Usar a rua como estacionamento é um absurdo em um centro metropolitano", afirma Marco Antonio Ramos de Almeida, superintendente da associação Viva o Centro.
O discurso é repetido pelo urbanista Cândido Malta. "A rua foi feita para andar, não para estacionar. O cidadão não pode ter a opção de estacionar em detrimento do interesse geral."
A justificativa dos especialistas é que, diante da escassez do espaço viário, a prioridade deve ser dada ao pedestre e ao transporte coletivo, que são as modalidades de deslocamento mais econômicas e menos prejudiciais à sociedade. Para quem quiser andar de carro no centro, onde existem alternativas de metrô e de ônibus, a maioria defende a oferta de estacionamentos particulares, como os subterrâneos. (AI)


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