ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL

Quando o último dos cinco filhos de Catharina Antonacci nasceu, ela tinha 45 anos. Júnior, hoje com 59, sempre ouviu que veio ao mundo para cuidar da mãe na velhice. Catharina viveu 104 anos. Nos últimos sete anos, foi o filho caçula quem esteve ao seu lado dando-lhe apoio.
O destino daquela italiana de Cerignola começou a ser traçado no início do século passado. Num belo dia, ela recebeu em casa, no Bixiga (centro de SP), a visita de uma senhora dizendo que o filho queria se casar com ela. Foi a sogra quem lhe pediu a mão em casamento.
O pretendente chamava-se João Urso, brasileiro, nascido na rua Rui Barbosa. Quem o visse, porém, diria ser italiano, devido ao sotaque. Catharina aceitou, e os dois se casaram em 1930. Coube a ela cuidar do lar enquanto o marido tocava a Irmãos Ursos Ltda. -transportadora que durou dos anos 50 ao começo dos 70.
João tinha exclusividade da Esso para o transporte de gasolina na região Sul do país. Mais tarde, transportaria ferro da Cosipa (Companhia Siderúrgica Paulista). Em 1979, a família que formara começou a ter baixas. Naquele ano, perdeu um filho, aos 44, de infarto, fato que a deixou muito baqueada. Em 1987, também de infarto, foi-se o marido. Catharina viveu até sábado (5), não resistiu a complicações de saúde. Morreu sem saber da morte de uma filha, em 2004. Deixou 15 netos e nove bisnetos. A missa de sétimo dia foi na sexta, em SP.
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