São Paulo, terça-feira, 14 de dezembro de 2010

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ANÁLISE

Acidente revela o descaso com o qual somos tratados no país

JAIRO MARQUES
COLUNISTA DA FOLHA

Quem ouve pelos alto-falantes dos aeroportos aqueles avisos de que "idosos, gestantes e pessoas com deficiência" são prioridade na hora do embarque talvez acredite que esses grupos recebam tratamento "vip".
A realidade, porém, é que os "bastidores" de uma viagem de avião no Brasil para quem tem mobilidade reduzida são um tormento, cheios de "emoções" e de riscos.
Às vezes, a sensação é a de ser a mala mais pesada, que vai ficando no cantinho até que uma boa alma resolva carregá-la, aos trancos e aos barrancos, para dentro ou para fora do avião.
O protocolo para lidar com os menos "astutos" das pernas é perfeito, mas há restrições diversas, como a falta de equipamentos adequados ao embarque de uma cadeira de rodas e a ausência de treinamento das equipes para abordar, ajudar ou acompanhar quem precisa de apoio.
É habitual, sem exageros, demorar quase o mesmo tempo para conseguir sair de uma aeronave do que o que foi gasto no percurso.
O acidente com um ambulift revela ao nível máximo o relaxo a que todos estão expostos no Brasil.
Nos EUA, a partir do momento em que é solicitado apoio à companhia aérea para seguir viagem, é preciso se preparar para ser atado com vários cintos de seguranças em uma geringonça ambulante, mas a sensação de segurança e atenção é óbvia.
Do jeito que tudo caminha, a Copa e a Olimpíada no Brasil vão expor o quanto somos ruins para tratar da dignidade de seres humanos.


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