São Paulo, terça-feira, 14 de dezembro de 2010

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MARIA ASSUMPÇÃO ACCIOLI NOBRE
(1914-2010)


Veio após pegar um ita no Norte

ESTÊVÃO BERTONI
DE SÃO PAULO

Há apenas um detalhe no verso "Peguei um ita no Norte, pra vim pro Rio morar", de Dorival Caymmi, que não bate com a vida de Maria Assumpção Accioli Nobre: o Rio como destino da viagem.
Assumpção juntou os filhos, deu um adeus a Belém do Pará, como na música do compositor baiano, embarcou num ita (navio) e 20 dias depois desceu em Santos.
Fosse pela vontade do marido, tinham ido para o Rio mesmo. Mas ele era militar e fora transferido para a capital paulista em 1959.
Paraense de Breves, na ilha de Marajó, ela era filha de um fazendeiro pernambucano que decidiu explorar seringais no Pará. Em Belém, fez um colégio religioso e foi educada para cuidar da casa.
Como perdeu os pais cedo, foi criada pelos avós. O avô, dizia, foi o primeiro padeiro do Amazonas. Ele saía para vender os pães de canoa.
Devido às transferências do marido, morou em várias cidades. De seus dez filhos, sete são de Belém, dois de Campo Grande e um do Rio.
O marido encerrou a carreira como general em SP e, depois disso, o casal voltou a Belém. Quando ficou viúva em 1992, após 56 anos de casamento, ela retornou a SP.
A família lembra que os almoços em sua casa nunca contavam com os dez filhos -parecia que eram 15, pois sempre havia convidados.
Assumpção sonhava visitar o mosteiro dos Jerônimos, em Portugal, sobre o qual seus avós falavam. Não realizou o desejo, mas, já bem idosa, reviu as garças brancas do Amazonas, como quis.
Ela morreu no domingo (5), aos 96 anos, deixando 24 netos e oito bisnetos.

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