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BAHIA
Operação de recolhimento é reforçada durante o verão
Salvador retira mendigos das ruas
CHRISTIANNE GONZÁLEZ
da Agência Folha, em Salvador
Com o aumento do fluxo turístico durante o verão e a proximidade do Carnaval, a Prefeitura de
Salvador (BA) está retirando das
ruas os mendigos, os alcoólatras e
os drogados. Também está oferecendo passagem de ônibus aos
desempregados que quiserem
voltar para sua cidade de origem.
A prefeitura informa que está
ajudando a população de rua,
mas políticos e funcionários das
casas de passagem e dos albergues
dizem que a meta é maquiar a cidade para receber os turistas.
Batizado de "Salvador Ação Solidária", o programa, segundo a
prefeitura, tem como objetivo encaminhar a população adulta
(acima de 18 anos) que dorme nas
ruas para os albergues públicos,
para as casas de passagem e para
os hospitais.
Todas as noites, duas Kombis
com dois agentes sociais -todos
com 2º grau completo- percorrem o centro e zonas nobres.
"Não obrigamos ninguém a nada. Oferecemos ajuda. A idéia é
minimizar o sofrimento dessa
parcela da população, dando dormida, alimentação e atendimento
médico", disse o secretário em
exercício do Trabalho e Desenvolvimento Social de Salvador, Rui
Barbosa Romeu.
"Mandar a população de rua
para as casas de passagem ou para
suas cidades de origem não resolve o problema. É um pingue-pongue social", disse o vereador Juca
Ferreira (PV).
No verão, a coordenação do
programa aumenta de 5 para 20 o
número de agentes sociais que fazem o serviço de cadastramento e
encaminhamento dos sem-teto.
Operação Verão
Segundo Romeu, o programa é
desenvolvido com o apoio do governo do Estado desde 1997 e já
retirou 2.690 pessoas das ruas no
período de novembro de 98 a
abril de 99.
De novembro de 99 até o último
dia 9, a operação cadastrou 280
pessoas. A população de rua da cidade é de aproximadamente mil
pessoas, segundo a prefeitura.
Das 280 pessoas cadastradas, 88
já foram encaminhadas para casas de passagem e 19, às suas cidades de origem.
A Agência Folha acompanhou
anteontem uma das equipes e verificou que a maioria das pessoas
abordadas já havia sido recolhida,
retornando às ruas depois.
"Aquilo parece um asilo. Tem
gente louca, criança chorando, e
não se pode beber nem praticar
sexo", disse a carioca Marinara
Magalhães, 43, que dorme na rua
há cerca de dois meses e ficou
apenas dois dias na Casa de Passagem de Cajazeiras (periferia de
Salvador).
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