São Paulo, Sábado, 15 de Janeiro de 2000


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

BAHIA
Operação de recolhimento é reforçada durante o verão
Salvador retira mendigos das ruas

CHRISTIANNE GONZÁLEZ
da Agência Folha, em Salvador

Com o aumento do fluxo turístico durante o verão e a proximidade do Carnaval, a Prefeitura de Salvador (BA) está retirando das ruas os mendigos, os alcoólatras e os drogados. Também está oferecendo passagem de ônibus aos desempregados que quiserem voltar para sua cidade de origem.
A prefeitura informa que está ajudando a população de rua, mas políticos e funcionários das casas de passagem e dos albergues dizem que a meta é maquiar a cidade para receber os turistas.
Batizado de "Salvador Ação Solidária", o programa, segundo a prefeitura, tem como objetivo encaminhar a população adulta (acima de 18 anos) que dorme nas ruas para os albergues públicos, para as casas de passagem e para os hospitais.
Todas as noites, duas Kombis com dois agentes sociais -todos com 2º grau completo- percorrem o centro e zonas nobres.
"Não obrigamos ninguém a nada. Oferecemos ajuda. A idéia é minimizar o sofrimento dessa parcela da população, dando dormida, alimentação e atendimento médico", disse o secretário em exercício do Trabalho e Desenvolvimento Social de Salvador, Rui Barbosa Romeu.
"Mandar a população de rua para as casas de passagem ou para suas cidades de origem não resolve o problema. É um pingue-pongue social", disse o vereador Juca Ferreira (PV).
No verão, a coordenação do programa aumenta de 5 para 20 o número de agentes sociais que fazem o serviço de cadastramento e encaminhamento dos sem-teto.

Operação Verão
Segundo Romeu, o programa é desenvolvido com o apoio do governo do Estado desde 1997 e já retirou 2.690 pessoas das ruas no período de novembro de 98 a abril de 99.
De novembro de 99 até o último dia 9, a operação cadastrou 280 pessoas. A população de rua da cidade é de aproximadamente mil pessoas, segundo a prefeitura.
Das 280 pessoas cadastradas, 88 já foram encaminhadas para casas de passagem e 19, às suas cidades de origem.
A Agência Folha acompanhou anteontem uma das equipes e verificou que a maioria das pessoas abordadas já havia sido recolhida, retornando às ruas depois.
"Aquilo parece um asilo. Tem gente louca, criança chorando, e não se pode beber nem praticar sexo", disse a carioca Marinara Magalhães, 43, que dorme na rua há cerca de dois meses e ficou apenas dois dias na Casa de Passagem de Cajazeiras (periferia de Salvador).


Texto Anterior: Folha Online traz roteiro para veranista
Próximo Texto: População de rua só tem três abrigos
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.