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População de rua só tem três abrigos
da Agência Folha, em Salvador
A socióloga e coordenadora da
Casa de Passagem de Cajazeiras,
Rita de Cássia Pacheco, disse que
a instituição não tem como manter a população de rua no local.
"Só temos acomodações para,
no máximo, cem pessoas. Além
disso, é preciso seguir uma disciplina e geralmente os acolhidos
não querem", disse.
Fundada em 97, a Casa de Passagem de Cajazeiras dispõe de
três assistentes sociais, um médico e 20 funcionários de apoio.
A instituição não oferece cursos
profissionalizantes ou perspectivas de uma atividade remunerada
para os acolhidos. Além da Casa
de Passagem de Cajazeiras, a população de rua recolhida pela
equipe do "Salvador Ação Solidária" tem à disposição outras duas
instituições que oferecem pernoite -a Casa de Passagem da Baixa
do Fiscal (para 120 pessoas) e o albergue público (150 leitos).
Nas casas de passagem, os acolhidos recebem pelo menos três
refeições diárias, mas precisam
ajudar na limpeza e na cozinha e
são obrigados a retornar à instituição antes das 19h para dormir.
No albergue é possível entrar
até as 22h, mas a permanência só
é permitida por uma noite e o
acolhido recebe apenas uma refeição, pela manhã.
"Não posso viver nesses locais
pelo resto dos meus dias. Sou um
artesão. Preciso trabalhar e ter
uma casa", disse José Roberto Batista Santos, 27, que há três anos
saiu de Itajuípe (415 km de Salvador). Ele disse que chegou a conseguir emprego na capital baiana,
mas foi demitido e está nas ruas
há cerca de dois anos.
"Tenho parentes na cidade, mas
não quero pedir favor. Prefiro
mendigar e vender meu artesanato nas ruas", disse Santos.
A companheira de Santos, Maria José Vitor dos Santos, 27, disse
que está nas ruas porque não consegue conviver com seus parentes. "Não me entendia com meus
pais. Minha avó me aceita na casa
dela, mas impõe muitas regras."
Abordado por um agente social,
o casal pediu ajuda para se hospedar na Casa de Passagem de Cajazeiras. "Vamos tentar viver lá,
mas não sei se vai dar certo. Já estivemos na Casa de Passagem da
Baixa do Fiscal, mas não aguentamos a sujeira e os mosquitos. O
lugar era imundo", disse Santos.
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