São Paulo, Sábado, 15 de Janeiro de 2000


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População de rua só tem três abrigos

da Agência Folha, em Salvador

A socióloga e coordenadora da Casa de Passagem de Cajazeiras, Rita de Cássia Pacheco, disse que a instituição não tem como manter a população de rua no local.
"Só temos acomodações para, no máximo, cem pessoas. Além disso, é preciso seguir uma disciplina e geralmente os acolhidos não querem", disse.
Fundada em 97, a Casa de Passagem de Cajazeiras dispõe de três assistentes sociais, um médico e 20 funcionários de apoio.
A instituição não oferece cursos profissionalizantes ou perspectivas de uma atividade remunerada para os acolhidos. Além da Casa de Passagem de Cajazeiras, a população de rua recolhida pela equipe do "Salvador Ação Solidária" tem à disposição outras duas instituições que oferecem pernoite -a Casa de Passagem da Baixa do Fiscal (para 120 pessoas) e o albergue público (150 leitos).
Nas casas de passagem, os acolhidos recebem pelo menos três refeições diárias, mas precisam ajudar na limpeza e na cozinha e são obrigados a retornar à instituição antes das 19h para dormir.
No albergue é possível entrar até as 22h, mas a permanência só é permitida por uma noite e o acolhido recebe apenas uma refeição, pela manhã.
"Não posso viver nesses locais pelo resto dos meus dias. Sou um artesão. Preciso trabalhar e ter uma casa", disse José Roberto Batista Santos, 27, que há três anos saiu de Itajuípe (415 km de Salvador). Ele disse que chegou a conseguir emprego na capital baiana, mas foi demitido e está nas ruas há cerca de dois anos.
"Tenho parentes na cidade, mas não quero pedir favor. Prefiro mendigar e vender meu artesanato nas ruas", disse Santos.
A companheira de Santos, Maria José Vitor dos Santos, 27, disse que está nas ruas porque não consegue conviver com seus parentes. "Não me entendia com meus pais. Minha avó me aceita na casa dela, mas impõe muitas regras."
Abordado por um agente social, o casal pediu ajuda para se hospedar na Casa de Passagem de Cajazeiras. "Vamos tentar viver lá, mas não sei se vai dar certo. Já estivemos na Casa de Passagem da Baixa do Fiscal, mas não aguentamos a sujeira e os mosquitos. O lugar era imundo", disse Santos.



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