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Bombeiros localizam van nos escombros; Serra acha difícil haver sobreviventes
Deslizamentos de terra impediram a retirada do veículo na cratera do Metrô
Governador assistiu a vídeo que
mostrava microônibus muito amassado
Ao ser questionado sobre
a hipótese de haver sobreviventes, José Serra disse: "Não sei. Deus queira. Mas parece pouco provável"
Ayrton Vignola / Folha Imagem
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Bombeiros e funcionários do Metrô observam a ação de máquina retroescavadeira em busca de um microônibus soterrado |
DA REPORTAGEM LOCAL
Esperança, desânimo e trabalho frustrado. O terceiro dia
de buscas por vítimas soterradas na cratera formada após o
desabamento do canteiro de
obras do metrô, em Pinheiros,
foi de boatos e de apenas uma
certeza: encontraram a van, engolida pelo buraco na
sexta-feira, que teria
quatro das sete possíveis vítimas.
Sua retirada, porém, não foi possível
porque dois deslizamentos de terra interromperam os trabalhos. Assim, nenhuma vítima até a
madrugada de hoje
havia sido encontrada. Abatidos, os parentes dos desaparecidos tentavam manter as esperanças.
Já o governador José Serra (PSDB) afirmou à noite, após ver
imagens da van feitas
pelos bombeiros, duvidar da possibilidade
de haver sobreviventes. As causas do acidente estão sendo
apuradas, disse.
A van foi localizada
por volta das 8h,
quando o resgate visualizou a parte traseira do veículo enquanto escavava a
terra que soterrou a
boca do fosso e entrou em parte do túnel abaixo dele. A van
estava a oito metros
do solo, toda coberta
de terra e escombros.
Para dificultar ainda mais o trabalho
dos bombeiros, dois
caminhões da obra
estavam na superfície
do fosso, sobre uma
estrutura de concreto e terra
que encobria o carro. Içá-los
por guindastes seria arriscado,
disse um bombeiro, porque ele
poderia cair. Três caminhões
que não representavam risco
foram rebocados anteontem.
A estratégia adotada à tarde
foi puxar a van pelo túnel, ligando um cabo de aço entre o
veículo e um trator. O movimento, porém, não chegou a ser
feito porque dois deslizamentos inviabilizaram o trabalho.
Dezoito homens dos grupos
de resgate que estavam no local
tiveram de deixar seus postos.
A informação era de que o veículo estava bastante amassado.
Após a tentativa frustrada, a
má notícia: as buscas pelos corpos foram suspensas por baixo
da terra às 18h. Só as escavações
na superfície continuavam. "Se
continuássemos escavando por
baixo, o ambiente poderia se
tornar perigoso para os homens do resgate", explicou o
capitão Minori, coordenador
dos trabalhos. "Teremos de definir uma nova estratégia."
Contar apenas com a escavação pela superfície não é possível porque levaria mais tempo e
tornaria ainda mais difícil o
resgate de vítimas com vida. A
Folha apurou que cães farejadores usados nas buscas sentiram o cheiro de corpos dentro
do túnel, que também tinha
restos de escombros e outros
carros -oficialmente, três foram retirados de lá.
Após descer numa gaiola até
o túnel onde foi localizada a van
e assistir ao vídeo, Serra duvidou da possibilidade de que
seus passageiros tenham sobrevivido. "Vítimas? Quem estiver dentro, terá sido vítima."
Ao ser questionado sobre a
hipótese de sobreviventes, disse: "Não sei. Deus queira. Mas
parece pouco provável". Serra
- que usou máscara de proteção na vistoria - explicou que
só foi possível ver os destroços
do carro no vídeo. Às 19h04,
quando chegou ao túnel, a área
já estava encoberta pelos novos
desabamentos.
O governador negou a acusação de que se esteja sonegando
informação aos parentes das vítimas. "Não há sonegação. O
que não há é efetivamente uma
notícia de que se chegou e está
podendo se chegar à van", disse
Serra. Ao descrever a situação,
momentos antes, ele contou:
"Fui lá. Vi o novo desabamento.
Não dá mais para ver a van."
Durante todo o dia não havia
informações sobre os outros
três desaparecidos: um motorista da obra e duas pessoas que
poderiam estar perto do local.
As famílias tentavam manter
a esperança. Iludidas por boatos, comemoraram e se desesperaram a cada informação. De
concreto, apenas o tempo passando sem que um corpo aparecesse. "Cada minuto que passa é um pedacinho de chance de
vida que se vai", dizia Marli Leite, irmã do motorista da van,
Reinaldo Aparecido Leite.
(DANIELA TÓFOLI, KLEBER TOMAZ, ALENCAR
IZIDORO, GILMAR PENTEADO, CATIA SEABRA e CLÁUDIA COLLUCCI)
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