São Paulo, terça-feira, 15 de janeiro de 2008

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Chuva deixa 4 mortos e 15,5 mil desabrigados

As regiões mais atingidas foram os vales do Ribeira e do Paraíba e o litoral sul de São Paulo; Peruíbe é a cidade mais prejudicada

"Foi um dilúvio", disse o governador José Serra, que sobrevoou as regiões mais atingidas; pode voltar a chover forte até sexta-feira

Marcelo Justo/Folha Imagem
Trator transporta crianças em rua do bairro Caraguava, em Peruíbe; região ficou submersa após as fortes chuvas dos últimos dias

VERIDIANA SEDEH
DA AGÊNCIA FOLHA
DO "AGORA"


As chuvas que castigaram o Estado de São Paulo no último final de semana provocaram ao menos quatro mortes e obrigaram mais de 15.500 pessoas a abandonar suas casas.
As regiões mais atingidas foram os vales do Ribeira e do Paraíba e o litoral sul. Entre o sábado e o domingo, choveu em média 150 mm no Vale do Ribeira e no litoral sul do Estado.
A média histórica para o mês de janeiro na região está entre 150 mm e 200 mm. Segundo o Cptec (Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos), a região pode voltar a enfrentar chuvas fortes até a sexta.
"Foi um dilúvio", disse o governador José Serra (PSDB), que sobrevoou as regiões mais atingidas. Ainda não é possível calcular os prejuízos.
A primeira morte ocorreu no sábado, em São José dos Campos. Em sua cadeira de rodas, uma aposentada de 85 anos não conseguiu sair de sua casa, que foi atingida pelas águas.
Em Peruíbe, o corpo do pescador José Aparecido Rodrigues, 44, foi encontrado ontem em uma praia da cidade. Ele dormia em um barco ancorado, que foi levado pelo mar com mais dez embarcações.

Soterramento
Já em Jacupiranga, região do Vale do Ribeira, um casal morreu soterrado na casa em que vivia, na Barra do Soldado, na zona rural. O soterramento ocorreu no domingo, mas os corpos só puderam ser resgatados ontem.
O filho de 12 anos do casal não estava em casa no momento do desabamento.
Pelos cálculos da Defesa Civil do Estado, até ontem à tarde havia 15.500 pessoas fora de suas casas, sendo 15.018 desalojados (estão abrigadas em casas de parentes ou amigos) e 481 desabrigados (alojados em abrigos municipais).
A cidade mais afetada pelas chuvas foi Peruíbe. "Há muitos anos que eu não vejo uma chuva como essa. A água subiu e veio com tudo", disse a dona-de-casa Nair Faria de Souza, 74, que foi com as quatro filhas e nove netos para o Centro de Convenções de Peruíbe. Eles esperam voltar hoje para casa.
Já em Jacupiranga, cerca de 600 pessoas tiveram que deixar suas casas -30 estão em abrigos providenciados pela prefeitura e os demais, nas casas de familiares.
Em Itariri (150 km de SP), a queda de uma barreira em uma estrada municipal no domingo provocou o isolamento do distrito de Alto Guanhanhã, com cerca de 30 famílias. Equipes da prefeitura trabalhavam, ontem para liberar a pista.
No município de Cajati (219 km de SP), rios transbordaram e inundaram metade da cidade, de acordo com o prefeito Marino de Lima (PMDB).
Ele diz que em alguns lugares o nível da água atingiu cerca de três metros de altura e que 5.000 famílias ficaram desalojadas e 200 pessoas tiveram suas casas comprometidas.
Em Pariquera-Açu (257 km de SP), nove pessoas foram levadas ontem para abrigos municipais. Segundo a prefeitura do município, no fim de semana cerca de 3.000 pessoas foram desalojadas, mas a maioria já retornou para suas casas.
Para a Prefeitura de Iguape (233 km de SP), o maior problema enfrentado pelo município é o alagamento na rodovia Ivo Zanella, após o rompimento de uma pequena barragem de um pesque-e-pague. Nos dois sentidos da estrada, só passam ônibus e caminhão.
Cerca de 250 casas foram atingidas por uma tromba d'água na noite de sábado, mas não há nenhum desalojado.

Régis
Afundamento de pista, desmoronamento de barrancos e queda de árvores também atrapalham os motoristas que trafegam pela rodovia Régis Bittencourt, no Vale do Ribeira.
A pista que leva a São Paulo apresenta oito pontos com o acostamento ou uma das faixas impedidas.
Segundo a Polícia Rodoviária Federal, o caso mais grave é o do km 493, onde a pista cedeu.
Quem segue pela rodovia na direção de Curitiba encontra sete pontos com impedimento de uma das faixas ou do acostamento devido à queda de barreiras.


Colaboraram RENATA BAPTISTA e MARIANA CAMPOS, da Agência Folha

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