São Paulo, terça-feira, 15 de janeiro de 2008

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Confirmada 2ª morte no ano por febre amarela

Rapaz que morreu em Goiânia no dia 2 é o 3º caso no país; uma mulher sobreviveu

Vítima contraiu doença na área rural de Goianésia, onde sua família tem uma fazenda; Goiás deve divulgar hoje exames de 2 casos suspeitos

FELIPE BÄCHTOLD
DA AGÊNCIA FOLHA

ANGELA PINHO
JOHANNA NUBLAT

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Foi confirmada ontem em Goiás a segunda morte por febre amarela no Brasil neste ano. Exames sorológicos mostraram que um homem de 24 anos, que morreu no dia 2 em Goiânia, havia contraído a doença. A análise foi feita pelo Laboratório Central de Saúde Pública, ligado ao governo goiano. O Ministério da Saúde também confirmou a morte.
Segundo a Secretaria da Saúde de Goiás, o homem foi internado cinco dias antes da morte em um hospital de Goiânia. Ele era de Goianésia (201 km da capital), cidade com cerca de 53 mil habitantes. A pasta diz que ele contraiu a doença na área rural do município, onde sua família tem uma fazenda.
A pedido de parentes, o governo estadual não divulgou o nome e a profissão do rapaz.
A cidade é vizinha a Pirenópolis (GO), onde, para o ministério, o servidor público Graco Abubakir, 38, que morreu no dia 8 em Brasília, contraiu febre amarela. Goianésia não havia registrado morte de macacos por suspeita da doença.
Com o resultado do exame, o país passa a ter três casos confirmados neste ano. Além dos dois mortos, uma mulher de 42 anos, que contraiu a doença em Mato Grosso do Sul, está internada em São Paulo e deve ter alta hoje ou amanhã.
Hoje, a Secretaria da Saúde goiana deve divulgar os resultados dos exames de dois casos suspeitos: o do espanhol Salvador de La Cal, 41, que morreu no sábado em Goiânia, e de Maria Geraldina Siqueira da Silva, 63, morta na quarta passada no interior do Estado.
Também é investigada em Goiás a morte do trabalhador rural João Batista Gonçalves, 31, em Uruaçu, no dia 4. Há ainda nove casos suspeitos no Estado, de acordo com dados do governo. No ano passado, Goiás teve duas mortes por febre amarela, em Jataí.
O número de notificações ao Ministério da Saúde subiu ontem para 26 -eram 15 até sexta-feira e 24 até domingo. Desses, 17 estão sob investigação, três já foram confirmados e seis, descartados.
As duas novas notificações são das cidades goianas de Aruanã e Luiziânia. Conforme a secretaria de Saúde do Distrito Federal, o caso de Luiziânia é de um homem de 31 anos da área rural, que morreu ontem no Hospital Regional da Asa Norte, em Brasília. O exame que pode confirmar a infecção sai em uma semana.
O irmão da vítima também apresentou sintomas "discretos", mas passa bem, segundo a Secretaria de Saúde de Luziânia. Outras causas de morte foram levantadas, como leptospirose, hepatite e hantavirose.
Ontem faltou vacina nos postos de Luziânia e Águas Lindas. As mortes sob suspeita da doença levaram aos postos de saúde de Brasília, desde 28 de dezembro, mais de 1 milhão de pessoas -cerca da metade da população do DF.
"Isso quer dizer que quase 1 milhão de pessoas se vacinaram sem necessidade", disse o subsecretário de vigilância à Saúde, Joaquim de Barros Neto. A previsão era vacinar 240 mil pessoas -número estimado de pessoas sem imunização.
Muitos brasilienses e goianos já imunizados buscaram os postos pelo reforço, desnecessário, da vacina.

Nem surto nem epidemia
Especialistas ouvidos pela Folha dizem que os três casos confirmados e os outros 17 sob investigação não configuram nem epidemia nem surto da doença. "São casos isolados", explicou o epidemiologista Pedro Tauil, da Universidade de Brasília.
Tauil disse que epidemia é um aumento inusitado de casos da doença, e surto é um tipo de epidemia localizada em que os casos têm relação entre si.
Em 2000, o Brasil apresentou surto da forma silvestre da doença, segundo Jarbas Barbosa da Silva Junior, da OPAS (Organização Pan-Americana de Saúde), braço da OMS (Organização Mundial da Saúde). Naquele ano, houve 85 casos e 40 mortes, todos silvestres.


Colaborou AFONSO BENITES, da Agência Folha


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