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Confirmada 2ª morte no ano por febre amarela
Rapaz que morreu em Goiânia no dia 2 é o 3º caso no país; uma mulher sobreviveu
Vítima contraiu doença na área rural de Goianésia, onde sua família tem uma fazenda; Goiás deve divulgar hoje exames de 2 casos suspeitos
FELIPE BÄCHTOLD
DA AGÊNCIA FOLHA
ANGELA PINHO
JOHANNA NUBLAT
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Foi confirmada ontem em
Goiás a segunda morte por febre amarela no Brasil neste
ano. Exames sorológicos mostraram que um homem de 24
anos, que morreu no dia 2 em
Goiânia, havia contraído a
doença. A análise foi feita pelo
Laboratório Central de Saúde
Pública, ligado ao governo goiano. O Ministério da Saúde também confirmou a morte.
Segundo a Secretaria da Saúde de Goiás, o homem foi internado cinco dias antes da morte
em um hospital de Goiânia. Ele
era de Goianésia (201 km da capital), cidade com cerca de 53
mil habitantes. A pasta diz que
ele contraiu a doença na área
rural do município, onde sua
família tem uma fazenda.
A pedido de parentes, o governo estadual não divulgou o
nome e a profissão do rapaz.
A cidade é vizinha a Pirenópolis (GO), onde, para o ministério, o servidor público Graco
Abubakir, 38, que morreu no
dia 8 em Brasília, contraiu febre amarela. Goianésia não havia registrado morte de macacos por suspeita da doença.
Com o resultado do exame, o
país passa a ter três casos confirmados neste ano. Além dos
dois mortos, uma mulher de 42
anos, que contraiu a doença em
Mato Grosso do Sul, está internada em São Paulo e deve ter alta hoje ou amanhã.
Hoje, a Secretaria da Saúde
goiana deve divulgar os resultados dos exames de dois casos
suspeitos: o do espanhol Salvador de La Cal, 41, que morreu
no sábado em Goiânia, e de Maria Geraldina Siqueira da Silva,
63, morta na quarta passada no
interior do Estado.
Também é investigada em
Goiás a morte do trabalhador
rural João Batista Gonçalves,
31, em Uruaçu, no dia 4. Há ainda nove casos suspeitos no Estado, de acordo com dados do
governo. No ano passado, Goiás
teve duas mortes por febre
amarela, em Jataí.
O número de notificações ao
Ministério da Saúde subiu ontem para 26 -eram 15 até sexta-feira e 24 até domingo. Desses, 17 estão sob investigação,
três já foram confirmados e
seis, descartados.
As duas novas notificações
são das cidades goianas de
Aruanã e Luiziânia. Conforme
a secretaria de Saúde do Distrito Federal, o caso de Luiziânia é
de um homem de 31 anos da
área rural, que morreu ontem
no Hospital Regional da Asa
Norte, em Brasília. O exame
que pode confirmar a infecção
sai em uma semana.
O irmão da vítima também
apresentou sintomas "discretos", mas passa bem, segundo a
Secretaria de Saúde de Luziânia. Outras causas de morte foram levantadas, como leptospirose, hepatite e hantavirose.
Ontem faltou vacina nos postos de Luziânia e Águas Lindas.
As mortes sob suspeita da
doença levaram aos postos de
saúde de Brasília, desde 28 de
dezembro, mais de 1 milhão de
pessoas -cerca da metade da
população do DF.
"Isso quer dizer que quase 1
milhão de pessoas se vacinaram sem necessidade", disse o
subsecretário de vigilância à
Saúde, Joaquim de Barros Neto. A previsão era vacinar 240
mil pessoas -número estimado de pessoas sem imunização.
Muitos brasilienses e goianos
já imunizados buscaram os
postos pelo reforço, desnecessário, da vacina.
Nem surto nem epidemia
Especialistas ouvidos pela
Folha dizem que os três casos
confirmados e os outros 17 sob
investigação não configuram
nem epidemia nem surto da
doença. "São casos isolados",
explicou o epidemiologista Pedro Tauil, da Universidade de
Brasília.
Tauil disse que epidemia é
um aumento inusitado de casos da doença, e surto é um tipo
de epidemia localizada em que
os casos têm relação entre si.
Em 2000, o Brasil apresentou surto da forma silvestre da
doença, segundo Jarbas Barbosa da Silva Junior, da OPAS
(Organização Pan-Americana
de Saúde), braço da OMS (Organização Mundial da Saúde).
Naquele ano, houve 85 casos e
40 mortes, todos silvestres.
Colaborou AFONSO BENITES, da Agência Folha
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