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Mais 2 hospitais de SP funcionam sem aval dos bombeiros
Santa Casa e Hospital São Paulo, os maiores hospitais-escolas do Estado, não têm equipamentos de segurança em caso de incêndio
Especialistas constataram que a falta de escadas de emergência, de portas corta-fogo e de sinalização de rotas de fuga é problema comum
CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL
Os maiores hospitais-escolas
de São Paulo -Santa Casa e
Hospital São Paulo- não possuem autorização dos bombeiros para funcionar, a exemplo
do que ocorre no Hospital das
Clínicas, que sofreu um incêndio na véspera de Natal.
Tanto o Hospital São Paulo
-vinculado à Unifesp (Universidade Federal de São Paulo),
sob gestão do governo Lula-
como a Santa Casa (filantrópico) não têm o AVCB (Auto de
Vistoria do Corpo de Bombeiros), obrigatório para o funcionamento dos prédios, segundo
a lei 684, de 1975.
A falta do documento ocorre
por inadequações físicas, estruturais e pela falta de equipamentos de segurança em caso
de incêndio -como escadas de
emergência, portas corta-fogo,
sinalizações de rota de fuga e de
planos de evacuação.
O problema não está restrito
à capital paulista. Segundo a
ONA (Organização Nacional de
Acreditação), empresa que
confere certificado de qualidade hospitalar, 90% dos grandes
hospitais brasileiros, inclusive
os particulares, não têm o
AVCB. Para obter a certificação, os hospitais precisam se
adaptar às normas de segurança, inclusive as que tratam da
prevenção a incêndios.
"No Brasil, as coisas só melhoram após tragédias. Espero
que agora, com o incêndio no
HC, os gestores acordem para
esse grave problema de falta de
segurança nos hospitais", afirma o médico Fábio Leite Gastal, consultor da ONA.
A Folha visitou as instalações da Santa Casa, na região
central de São Paulo, e do HSP
(Hospital São Paulo), na Vila
Clementino (zona sul), em
companhia de especialistas em
edificações e constatou que um
problema comum entre eles é a
falta de escadas de emergência,
de portas corta-fogo e de sinalização de rotas de fuga. No Hospital São Paulo, havia também
encanamentos enferrujados e
fios soltos no subsolo.
Procurado nos últimos dez
dias para falar sobre a falta de
segurança contra incêndio nos
hospitais, o Corpo de Bombeiros se negou a falar. Os três pedidos de entrevista foram negados. O secretário da Saúde do
Estado, Luiz Roberto Barradas
Barata, não retornou as ligações da Folha.
Para o arquiteto Cesar
Bergström, diretor do sindicato nacional das empresas de
engenharia e arquitetura, o fato de as escadas não serem isoladas por portas corta-fogo faz,
em caso de incêndio, com que
gases tóxicos e fumaça se espalhem por todo o prédio. Bergström visitou o Hospital São
Paulo a convite da Folha.
A falta de sinalização de rotas
de fuga também é um problema importante, avalia. Em uma
emergência, isso causaria confusão e pânico.
As superintendências do
Hospital São Paulo e da Santa
Casa confirmam os problemas
e a falta do AVCB e dizem que
estão providenciando melhorias nos prédios para se adaptar
às normas de segurança (leia
texto nesta página).
O Contru informou que vistoria hospitais mediante denúncias ou para realizar análises a pedido de órgãos públicos.
Disse, ainda, que tanto a Santa
Casa como o Hospital São Paulo já foram notificados a providenciar o documento.
Problemas
Em um prédio anexo ao Hospital São Paulo, onde funcionam os laboratórios, salas de
aula e anfiteatros, a falta de segurança é ainda maior.
O prédio, de quatro andares
(mais o subsolo), não tem escadas e nem saídas de emergência. As janelas são antigas, basculantes, que, em caso de fuga
de emergência, não permitem a
passagem das vítimas. Há uma
porta única de entrada e saída.
Nos laboratórios, trabalha-se
com álcool, xilol (solvente), parafina e gás encanado, além de
outras substâncias inflamáveis
e explosivas. Segundo um funcionário que não quer se identificar, já houve dois princípios
de incêndio no laboratório de
patologia, controlado por funcionários. "Nunca nem ameaçaram interditar o tal prédio na
Unifesp. O que vejo de grave é
essa condescendência com os
órgãos públicos, que deveriam
dar o exemplo", disse.
A Unifesp diz que o local será
reformado em 2008 e terá uma
escada de emergência externa.
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