São Paulo, terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Em dezembro, 43% dos vôos nacionais atrasaram, diz Anac

Índice de pontualidade de trechos domésticos foi pior do que o do mesmo mês de 2006

Dado considera atraso a partir de 15 min, segundo padrão internacional, diferentemente da Infraero, que só conta aqueles superiores a 1 h

LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Enquanto as autoridades brasileiras consideram que a crise aérea foi contornada, apenas 57% dos vôos domésticos no mês de dezembro não atrasaram, segundo dados oficiais da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil).
O índice de pontualidade foi pior do que dezembro de 2006, um dos picos da crise aérea, quando apenas 64% dos aviões chegaram "na hora".
O índice considera atrasos a partir de 15 minutos do horário programado, conforme padrão internacional, e não contabiliza demoras causadas por problemas meteorológicos ou interdição de aeroportos. Ainda assim, os números mostram uma realidade escondida pelas divulgações oficiais da Infraero (empresa estatal que administra os aeroportos do país), que só conta atrasos a partir de uma hora -o diagnóstico atual é de normalidade nos aeroportos.
Isso não se reflete nas estatísticas de desempenho da aviação civil. Segundo a assessoria da Anac, a situação ainda não está aceitável e a diretoria da agência se reuniu ontem no Rio para detalhar um programa de redução de atrasos.
O governo havia prometido para antes do Natal um novo sistema de compensação por atrasos, com milhas para os passageiros, mas a medida ainda não entrou em vigor.
A regularidade dos vôos domésticos em dezembro ficou em 89% -o índice mede quantos vôos programados foram efetivamente realizados.
Já a eficiência operacional -que combina regularidade e pontualidade- ficou em 51% em dezembro para vôos domésticos e 40% para internacionais.

Confiabilidade
Para André Castellini, consultor da Bain & Company, pode haver um problema de confiabilidade nestes índices, já que os atrasos do mês passado não chegaram perto do caos de dezembro de 2006.
"[Em dezembro] Tivemos problemas, mas iguais aos de outros países em período de pico. É preciso ter uma idéia do tempo de atraso médio para avaliar o impacto para o passageiro", disse.
Ainda segundo o balanço de vôos domésticos, a empresa mais pontual em dezembro foi a Rico (companhia regional que opera na Amazônia), com índice de 96%. A pior foi a OceanAir, com 30%. De acordo com Waldomiro Júnior, diretor da OceanAir, a empresa optou por "sacrificar a pontualidade para não deixar ninguém para trás".
"Tivemos um estrangulamento da nossa malha porque assumimos a operação da BRA com apenas dois aviões, em vez de cinco", disse à Folha.
A média de pontualidade geral para vôos internacionais, cujo parâmetro é 30 minutos de atraso, também ficou em 57% para dezembro de 2007 -foi 63% em dezembro de 2006.
As empresas regionais melhoraram seu desempenho e tiveram 82% de pontualidade em dezembro de 2007.
Maquiagem
A tolerância de 15 minutos para calcular a pontualidade de vôos é o padrão internacional. No entanto, quando a crise aérea começou, em outubro de 2006, o governo brasileiro decidiu ajustar os dados, de forma a causar menos impacto ao público.
A partir de 27 de novembro de 2006, apenas atrasos de mais de uma hora eram contabilizados na divulgação para a imprensa. Antes disso, a Infraero informava o total de atrasos a partir de 15, 30 e 45 minutos.
A assessoria da Infraero foi procurada, mas não respondeu até o fechamento desta edição.


Colaborou IURI DANTAS, da Sucursal de Brasília


Texto Anterior: Moradores vizinhos a favela no Guarujá tumultuam vacinação contra meningite
Próximo Texto: Tragédia da TAM: Denise Abreu adia pela 3ª vez depoimento à polícia de SP
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.