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Em dezembro, 43% dos vôos nacionais atrasaram, diz Anac
Índice de pontualidade de trechos domésticos foi pior do que o do mesmo mês de 2006
Dado considera atraso a partir de 15 min, segundo padrão internacional, diferentemente da Infraero, que só conta aqueles superiores a 1 h
LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Enquanto as autoridades
brasileiras consideram que a
crise aérea foi contornada, apenas 57% dos vôos domésticos
no mês de dezembro não atrasaram, segundo dados oficiais
da Anac (Agência Nacional de
Aviação Civil).
O índice de pontualidade foi
pior do que dezembro de 2006,
um dos picos da crise aérea,
quando apenas 64% dos aviões
chegaram "na hora".
O índice considera atrasos a
partir de 15 minutos do horário
programado, conforme padrão
internacional, e não contabiliza
demoras causadas por problemas meteorológicos ou interdição de aeroportos.
Ainda assim, os números
mostram uma realidade escondida pelas divulgações oficiais
da Infraero (empresa estatal
que administra os aeroportos
do país), que só conta atrasos a
partir de uma hora -o diagnóstico atual é de normalidade nos
aeroportos.
Isso não se reflete nas estatísticas de desempenho da aviação civil. Segundo a assessoria
da Anac, a situação ainda não
está aceitável e a diretoria da
agência se reuniu ontem no Rio
para detalhar um programa de
redução de atrasos.
O governo havia prometido
para antes do Natal um novo
sistema de compensação por
atrasos, com milhas para os
passageiros, mas a medida ainda não entrou em vigor.
A regularidade dos vôos domésticos em dezembro ficou
em 89% -o índice mede quantos vôos programados foram
efetivamente realizados.
Já a eficiência operacional
-que combina regularidade e
pontualidade- ficou em 51%
em dezembro para vôos
domésticos e 40% para internacionais.
Confiabilidade
Para André Castellini, consultor da Bain & Company, pode haver um problema de confiabilidade nestes índices, já
que os atrasos do mês passado
não chegaram perto do caos de
dezembro de 2006.
"[Em dezembro] Tivemos
problemas, mas iguais aos de
outros países em período de pico. É preciso ter uma idéia do
tempo de atraso médio para
avaliar o impacto para o passageiro", disse.
Ainda segundo o balanço de
vôos domésticos, a empresa
mais pontual em dezembro foi
a Rico (companhia regional que
opera na Amazônia), com índice de 96%. A pior foi a OceanAir, com 30%.
De acordo com Waldomiro
Júnior, diretor da OceanAir, a
empresa optou por "sacrificar a
pontualidade para não deixar
ninguém para trás".
"Tivemos um estrangulamento da nossa malha porque
assumimos a operação da BRA
com apenas dois aviões, em vez
de cinco", disse à Folha.
A média de pontualidade geral para vôos internacionais,
cujo parâmetro é 30 minutos
de atraso, também ficou em
57% para dezembro de 2007
-foi 63% em dezembro de
2006.
As empresas regionais melhoraram seu desempenho e tiveram 82% de pontualidade
em dezembro de 2007.
Maquiagem
A tolerância de 15 minutos
para calcular a pontualidade de
vôos é o padrão internacional.
No entanto, quando a crise aérea começou, em outubro de
2006, o governo brasileiro decidiu ajustar os dados, de forma
a causar menos impacto ao
público.
A partir de 27 de novembro
de 2006, apenas atrasos de
mais de uma hora eram contabilizados na divulgação para a
imprensa. Antes disso, a Infraero informava o total de
atrasos a partir de 15, 30 e 45
minutos.
A assessoria da Infraero foi
procurada, mas não respondeu
até o fechamento desta edição.
Colaborou IURI DANTAS, da Sucursal de Brasília
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