São Paulo, terça-feira, 15 de janeiro de 2008

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Moradores vizinhos a favela no Guarujá tumultuam vacinação contra meningite

TALITA BEDINELLI
DA AGÊNCIA FOLHA, EM GUARUJÁ

Moradores de bairros vizinhos à favela do Chaparral, no Guarujá (SP), causaram tumulto ontem à tarde durante ação de vacinação em massa contra meningite promovida pela prefeitura. Eles exigiam que a imunização fosse ampliada para outros locais além da favela -alvo da campanha depois que um menino de seis anos morreu e outros três ficaram hospitalizados por causa da meningite meningocócica (tipo C).
Desde o final do ano passado, Guarujá teve seis casos de meningite. Quatro deles foram da forma mais grave da doença -a meningocócica, que é causada por uma bactéria. As quatro vítimas moravam na favela do Chaparral, incluindo o menino Pedro Lucas, 6, que morreu em 28 de dezembro.
A Prefeitura de Guarujá, que nega a existência de epidemia, pediu ao governo federal o envio de 9.000 doses da vacina contra este tipo de meningite.
O secretário municipal de Saúde, Benjamin Rodriguez Lopez, afirma que, para considerar que há uma epidemia, seria necessário que a cidade tivesse ao menos 1 caso a cada 10 mil habitantes. Considerando-se apenas a favela do Chaparral, porém, o número de doentes foi maior que o índice: 4 em 5.000 pessoas.
Para aplicar as doses enviadas pelo governo federal foi realizada na favela uma vacinação em massa, que começou ontem por volta de 7h30. Cerca de 150 funcionários da prefeitura foram de porta em porta para aplicar a imunização em pessoas de 2 meses a 24 anos de idade. Por volta de 13h, porém, a atividade teve que ser interrompida. Segundo a prefeitura, agentes de saúde foram cercados por cerca de 70 pessoas de outros locais que também queriam ser vacinadas.
Diante da recusa em aplicar a vacina por parte da prefeitura -que dizia que apenas os habitantes do Chaparral precisavam-, as equipes do órgão foram ameaçadas, segundo funcionários que estavam no local. Quando a reportagem chegou ao local, por volta de 13h30, cerca de 40 pessoas ainda protestavam pela falta de vacina. Alguns minutos depois, um homem que não quis se identificar pediu que a Folha saísse do local porque "não era permitido" fazer entrevistas na área.
O calendário básico de vacinação inclui só a imunização contra a meningite tipo B. A imunização contra a tipo C é paga -a não ser em ações de vacinação em massa- e custa, em média, R$ 150.
"Não tenho como pagar. E quem tem dois, três filhos, como vai fazer?", disse a manicure Rose Dias, 28, moradora de um bairro vizinho que recebe cerca de R$ 200 por mês e não conseguiu vacinar os filhos, que freqüentam a Chaparral.


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