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Moradores vizinhos a favela no Guarujá tumultuam vacinação contra meningite
TALITA BEDINELLI
DA AGÊNCIA FOLHA, EM GUARUJÁ
Moradores de bairros vizinhos à favela do Chaparral, no
Guarujá (SP), causaram tumulto ontem à tarde durante ação
de vacinação em massa contra
meningite promovida pela prefeitura. Eles exigiam que a imunização fosse ampliada para
outros locais além da favela
-alvo da campanha depois que
um menino de seis anos morreu e outros três ficaram hospitalizados por causa da meningite meningocócica (tipo C).
Desde o final do ano passado,
Guarujá teve seis casos de meningite. Quatro deles foram da
forma mais grave da doença -a
meningocócica, que é causada
por uma bactéria. As quatro vítimas moravam na favela do
Chaparral, incluindo o menino
Pedro Lucas, 6, que morreu em
28 de dezembro.
A Prefeitura de Guarujá, que
nega a existência de epidemia,
pediu ao governo federal o envio de 9.000 doses da vacina
contra este tipo de meningite.
O secretário municipal de
Saúde, Benjamin Rodriguez
Lopez, afirma que, para considerar que há uma epidemia, seria necessário que a cidade tivesse ao menos 1 caso a cada 10
mil habitantes. Considerando-se apenas a favela do Chaparral,
porém, o número de doentes
foi maior que o índice: 4 em
5.000 pessoas.
Para aplicar as doses enviadas pelo governo federal foi
realizada na favela uma vacinação em massa, que começou
ontem por volta de 7h30. Cerca
de 150 funcionários da prefeitura foram de porta em porta
para aplicar a imunização em
pessoas de 2 meses a 24 anos de
idade. Por volta de 13h, porém,
a atividade teve que ser interrompida. Segundo a prefeitura,
agentes de saúde foram cercados por cerca de 70 pessoas de
outros locais que também queriam ser vacinadas.
Diante da recusa em aplicar a
vacina por parte da prefeitura
-que dizia que apenas os habitantes do Chaparral precisavam-, as equipes do órgão foram ameaçadas, segundo funcionários que estavam no local.
Quando a reportagem chegou
ao local, por volta de 13h30,
cerca de 40 pessoas ainda protestavam pela falta de vacina.
Alguns minutos depois, um homem que não quis se identificar pediu que a Folha saísse do
local porque "não era permitido" fazer entrevistas na área.
O calendário básico de vacinação inclui só a imunização
contra a meningite tipo B. A
imunização contra a tipo C é
paga -a não ser em ações de
vacinação em massa- e custa,
em média, R$ 150.
"Não tenho como pagar. E
quem tem dois, três filhos, como vai fazer?", disse a manicure Rose Dias, 28, moradora de
um bairro vizinho que recebe
cerca de R$ 200 por mês e não
conseguiu vacinar os filhos,
que freqüentam a Chaparral.
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