São Paulo, quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

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Para psicólogos, "queimar etapas" pode prejudicar

DA REPORTAGEM LOCAL
DA AGÊNCIA FOLHA

Psicólogos especialistas em adolescência e educação dizem não ver vantagens em jovens pularem parte do desenvolvimento social e da formação emocional para antecipar a carreira universitária. Para eles, a queima de etapas pode trazer mais prejuízos do que benefícios.
"Acho que está se passando uma fase do desenvolvimento fundamental. Ele vai perder o contato com as pessoas da idade dele, cujas atividades correspondem àquilo que ele passa no momento da adolescência", afirma Roseli Fernandes Lins Caldas, doutoranda em psicologia escolar na USP e professora do Mackenzie.
Para Antonio Carlos Amador Pereira, professor do departamento de Psicologia do Desenvolvimento da PUC-SP, o ingresso precoce na universidade interfere no desenvolvimento do garoto.
"Não vejo vantagem nenhuma. Tudo isso é muito bom, desde que ele não deixe de viver outros aspectos da vida como adolescente que são importantes também. Na vida não é só importante o desempenho escolar. Esse menino precisa viver."
Segundo Caldas, outro problema que o garoto pode ter é a escolha da carreira. "Escolher aos 17 já é difícil, escolher aos 13 é pior ainda. Ele vai mudar muito ainda a concepção sobre a vida e as escolhas que pode fazer", diz.
Já a professora Lara Seretta Moreira, coordenadora do Núcleo de Apoio a Pessoas com Necessidades Especiais da UFPR, defende a inclusão de Guilherme na universidade. "Seria uma incoerência esperar que ele completasse 18, 20 anos para aproveitar todo o seu potencial", diz. Ela afirma, porém, que a universidade "precisa ter todo o cuidado com o aspecto cronológico e emocional dele".
A UFPR criou, em 2006, um núcleo que reúne professores que discutem a elaboração de um programa para lidar com alunos que apresentam capacidade intelectual acima da média.
Segundo ela, os professores que irão dar aulas na turma do adolescente também serão chamados para conversar com os especialistas sobre a presença do menino.


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