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Para psicólogos, "queimar etapas" pode prejudicar
DA REPORTAGEM LOCAL
DA AGÊNCIA FOLHA
Psicólogos especialistas
em adolescência e educação
dizem não ver vantagens em
jovens pularem parte do desenvolvimento social e da
formação emocional para
antecipar a carreira universitária. Para eles, a queima de
etapas pode trazer mais prejuízos do que benefícios.
"Acho que está se passando uma fase do desenvolvimento fundamental. Ele vai
perder o contato com as pessoas da idade dele, cujas atividades correspondem àquilo que ele passa no momento
da adolescência", afirma Roseli Fernandes Lins Caldas,
doutoranda em psicologia
escolar na USP e professora
do Mackenzie.
Para Antonio Carlos Amador Pereira, professor do departamento de Psicologia do
Desenvolvimento da PUC-SP, o ingresso precoce na
universidade interfere no
desenvolvimento do garoto.
"Não vejo vantagem nenhuma. Tudo isso é muito
bom, desde que ele não deixe
de viver outros aspectos da
vida como adolescente que
são importantes também. Na
vida não é só importante o
desempenho escolar. Esse
menino precisa viver."
Segundo Caldas, outro
problema que o garoto pode
ter é a escolha da carreira.
"Escolher aos 17 já é difícil,
escolher aos 13 é pior ainda.
Ele vai mudar muito ainda a
concepção sobre a vida e as
escolhas que pode fazer", diz.
Já a professora Lara Seretta Moreira, coordenadora do
Núcleo de Apoio a Pessoas
com Necessidades Especiais
da UFPR, defende a inclusão
de Guilherme na universidade. "Seria uma incoerência
esperar que ele completasse
18, 20 anos para aproveitar
todo o seu potencial", diz. Ela
afirma, porém, que a universidade "precisa ter todo o
cuidado com o aspecto cronológico e emocional dele".
A UFPR criou, em 2006,
um núcleo que reúne professores que discutem a elaboração de um programa para
lidar com alunos que apresentam capacidade intelectual acima da média.
Segundo ela, os professores que irão dar aulas na turma do adolescente também
serão chamados para conversar com os especialistas
sobre a presença do menino.
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