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Site da ANS irá comparar planos de saúde
Informações sobre cobertura e rede credenciada permitirão a cliente mudar de operadora sem cumprir nova carência
Medida está em norma da ANS que proíbe que troca de convênio médico deixe cliente sem cobertura no início do novo contrato
RICARDO WESTIN
DA REPORTAGEM LOCAL
Assim que os brasileiros puderem trocar de plano de saúde
sem a obrigação de cumprir novas carências, em meados de
abril, a ANS (Agência Nacional
de Saúde Suplementar) colocará as informações de todos os
convênios médicos oferecidos
no país em seu site.
Por meio de um programa
eletrônico, os clientes terão como consultar as migrações possíveis, comparar os serviços e
escolher os mais vantajosos.
A compilação dos dados no
site está prevista na resolução
aprovada anteontem pela agência, que fiscaliza os planos de
saúde. A resolução proíbe que
se exija do cliente o cumprimento da carência toda vez que
se trocar de plano.
Carência é o período inicial
em que os contratantes pagam
as mensalidades, mas ainda
não têm acesso a todas as coberturas previstas no contrato.
Minoria coberta
O fim de novas carências, porém, beneficia só 15,5% dos
brasileiros com convênio médico. São aqueles que têm plano
individual ou familiar assinado
a partir de 1999, ano em que o
mercado de planos de saúde foi
regulado. A norma não beneficia quem tem plano antigo (anterior a 1999) ou coletivo.
No Brasil, 40,8 milhões de
pessoas têm algum tipo de convênio médico. Os que têm plano individual ou familiar pós-1999 somam 6,3 milhões.
Há muito tempo aguardada,
a mudança -conhecida como
portabilidade de carência- faz
com que os clientes deixem de
ser "reféns" dos planos. Muitos
temem migrar de operadora
por saber que, assinado o novo
contrato, ficarão temporariamente sem certas coberturas.
Para cirurgias, por exemplo, a
carência é de seis meses.
Na edição da ontem, a Folha
adiantou com exclusividade as
novas regras, que foram confirmadas pela ANS ontem à noite.
A resolução estará no "Diário
Oficial" da União de hoje.
A migração só poderá ser feita depois que o cliente ficar
dois anos num plano -ou três
anos, se ele tiver doenças ou lesões preexistentes (informadas
no momento do contrato). Cada cliente terá 60 dias por ano
para solicitar a mudança -no
mês em que o contrato faz aniversário e no mês seguinte.
As mensalidades precisarão
estar pagas em dia. O novo plano deverá ser mais barato que o
anterior ou de valor parecido.
Nas próximas semanas, a ANS
elaborará as normas que fixarão cada faixa de mensalidade.
Os dados no site da ANS permitirão às pessoas saber para
quais faixas poderão migrar. Os
clientes poderão consultar
abrangência geográfica, procedimentos cobertos, rede médica e hospitalar credenciada e
preços de cada plano das 1.600
operadoras do país.
Concorrência
As empresas aprovaram as
normas. Segundo Arlindo de
Almeida, presidente da Abramge (Associação Brasileira de
Medicina de Grupo), haverá
uma "concorrência sadia" -as
operadoras oferecerão melhor
serviço para não perder cliente.
Ele, no entanto, crê que poucos deixarão seus convênios:
"As pessoas já têm uma ligação
grande com os médicos [da rede credenciada], muitas delas
estão em tratamento, há um relacionamento intenso. Elas não
vão querer mudar".
Segundo o Idec, entidade de
defesa do consumidor com sede em São Paulo, as operadoras
não se opuseram porque, na
prática, pouca coisa mudará.
"Muitas já aceitam clientes de
outras empresas sem impor carência, principalmente se eles
são jovens e saudáveis", diz Karina Grou, advogada do Idec.
Para ela, as regras não têm
sentido porque não beneficiam
as 34,5 milhões de pessoas que
têm plano antigo ou coletivo.
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