São Paulo, quinta, 15 de janeiro de 1998.



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Rio apura elo entre 25 policiais e o bicho

da Sucursal do Rio

Sob sigilo, a Secretaria da Segurança Pública do Rio investiga desde outubro de 97 o suposto envolvimento de pelo menos 25 policiais civis e militares -entre eles dois delegados, afastados de seus cargos na semana passada- com o recebimento de suborno que seria pago por chefes do jogo do bicho.
Mas, ao contrário de 94, quando as investigações de uma suposta lista de propinas do bicheiro Castor de Andrade tiveram ampla repercussão devido à divulgação de informações pelo Ministério Público, o trabalho agora é conduzido com muita cautela por um grupo de confiança do Estado.
O ponto de partida das averiguações é um relatório feito pelo diretor do Cisp (Centro de Inteligência da Secretaria da Segurança Pública), coronel do Exército (da reserva) Romeu Ferreira, com base no grampeamento, autorizado pela Justiça, de algumas linhas telefônicas, em setembro e outubro de 97.
A escuta foi feita para ajudar a esclarecer a morte do bicheiro Márcio Molinaro, assassinado a tiros na Gávea (zona sul) em 27 de junho de 97. A Polícia Civil suspeitou de sucessores de Raul Corrêa de Mello, o Raul Capitão, que morreu de infarto, e grampeou telefones de gente ligada a eles.
Depois de examinar algumas transcrições, o coronel Ferreira produziu o relatório, encaminhado ao secretário da Segurança Pública, Nilton Cerqueira. Na primeira reunião da cúpula da SSP em 98, o secretário decidiu nomear um grupo para investigar supostas ligações reveladas pelas gravações.
Sete policiais civis da 1ª DP (Praça Mauá) e na 37ª DP (Ilha do Governador), foram afastados do serviço na rua. Os dois delegados que perderam as funções também trabalhavam nessas delegacias, respectivamente. Foram transferidos para a Superintendência de Administração e Serviço, setor onde ficam policiais que estão "encostados" por determinação superior.
A Secretaria da Segurança Pública e a Chefia da Polícia Civil informaram ontem que nenhuma informação oficial sobre o caso será divulgada por enquanto, para não prejudicar as investigações. Até agora, não há acusações formais.



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