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Prefeituras do PT criticam o fundo
DA REPORTAGEM LOCAL
Os municípios paulistas que
mais perderão e ganharão com o
Fundef neste ano, Guarulhos e
São Paulo respectivamente, são
administrados pelo PT, partido
que defende a revisão das normas
do Fundef. As secretarias da Educação das duas prefeituras têm
críticas ao fundo.
No caso de Guarulhos, o motivo
das críticas é claro: a perda de R$
44 milhões, indicada pelo estudo
do deputado César Callegari. Isso
acontece porque o município é
obrigado a repassar para o fundo
15% da receita de cinco impostos.
Na hora de receber o dinheiro de
volta, no entanto, o critério para
distribuição entre as prefeituras é
o número de alunos na rede municipal. No caso de Guarulhos, esse número é muito pequeno
(3.842 estudantes) se comparado
à população total da cidade, que é,
segundo o IBGE, de 1,070 milhão
de pessoas.
Isso acontece, em boa parte,
porque a rede estadual de educação também mantém escolas de
ensino fundamental na cidade.
A secretária da Educação de
Guarulhos, Eneide Moreira de Lima, afirma que a perda com os repasses do Fundef é um empecilho
à ampliação do atendimento do
ensino na cidade.
"Temos que investir, por lei, algo em torno de R$ 120 milhões em
ensino. A perda com o fundo é de
quase um terço desse valor. Não
temos ainda números confiáveis,
mas sabemos que há um déficit de
vagas na educação básica e fica
mais difícil ampliar nossa rede
sem esses recursos", diz a secretária da Educação de Guarulhos.
Uma das propostas da prefeitura para diminuir o prejuízo com o
Fundef é ampliar a rede municipal. "Temos capacidade para dobrar o atendimento nas escolas.
Com isso, a perda em 2002 poderá
ser menor", diz a secretária.
No caso de São Paulo, apesar da
boa notícia de que a cidade terá
"lucro" recorde com o Fundef
neste ano, a coordenadora da assessoria técnica de planejamento
da Secretaria Municipal da Educação, Rose Pavan, afirma que os
recursos do fundo não ajudarão a
prefeitura a atacar o principal
problema da cidade: o déficit de
vagas na educação infantil (0 a 6
anos).
Pela lei do Fundef, os recursos
não podem ser destinados a outros níveis de ensino, a não ser para o ensino fundamental (7 a 14
anos).
"O fundo precisa ser melhor
discutido. O investimento obrigatório de recursos no ensino fundamental acaba acontecendo em
detrimento da educação infantil e
da educação de jovens e adultos",
diz Rose.
Segundo ela, o valor por aluno
repassado pelo Fundef ainda fica
muito aquém do necessário.
"Ainda estamos fazendo um cálculo para saber quanto custa por
ano um aluno da rede municipal.
Mesmo assim, sabemos que é
mais do que R$ 950", diz.
Ela alerta para o fato de que o
custo por aluno na educação infantil é ainda maior do que no ensino fundamental. "Sobra pouco
dinheiro para investir", afirma
Rose Pavan.
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