São Paulo, sexta-feira, 15 de fevereiro de 2002

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BARBARA GANCIA

Bancoc não tem bangue-bangue

Justo quando a gente começava a achar que a onda de violência poderia estar diminuindo, por conta da volta para casa do Washington Olivetto, da descoberta do cativeiro de Celso Daniel e desse monte de policiais que o governador pôs na rua, pimba!
Na madrugada da Quarta-Feira de Cinzas, no município de Sumaré, no rico interior paulista, dois bandidos foram atrás do dinheiro do caça-níqueis de um boteco e acabaram quase por decepar a golpes de facão de cana as mãos do dono do bar.
Se isso não é um clamoroso sinal de que a violência passou dos limites, me diga você, ó, leitor esclarecido, o que será?
Um dos jovens que praticou o crime é metalúrgico e tem 18 anos. O outro é eletricista e tem 20. Eles torturaram o comerciante por meia hora. Depois, tentaram escalpelá-lo e, por fim, aplicaram vários golpes de facão em seus pulsos, a ponto de deixar suas mãos penduradas.
Passei o Carnaval na companhia de um amigo jornalista, que está morando em Bancoc. Que inveja! Bancoc é a capital da Tailândia e tem 11 milhões de habitantes. A grande maioria é paupérrima, há muito mais gente destituída lá do que cá.
Sempre ouvi dizer que Bancoc é uma das capitais mundiais da prostituição e, em razão dessa singela informação, estúpida que sou, custei a acreditar quando meu amigo me jurou que lá ninguém é assaltado, sequestrado, ameaçado com armas de fogo dentro de casa ou do próprio estabelecimento e muito menos barbaramente agredido a golpes de machete.
Diz ele que costuma deixar a porta de casa aberta e que todos andam na rua despreocupados.
Mas como? O que será que Bancoc tem que nós não temos? Meu amigo ofereceu uma teoria. Segundo ele, budistas não são chegados em violência, e o budismo é a religião predominante na Tailândia. Pode ser uma explicação.
Assim como os hinduístas, os budistas, de fato, não são chegados em violência. Eles não carregam nas costas os dogmas das religiões com livro, como é o caso do cristianismo, do islamismo e do judaísmo.
Deve existir, mas é mais difícil encontrar um fundamentalista praticante do budismo do que topar na rua com um simpatizante do Ku Klux Klan ou da Al Qaeda.
A conversa com meu amigo me fez pensar. Quem sabe, em vez de ver brotar tantas igrejas evangélicas, não fosse mais negócio estar rodeado por templos budistas?

QUALQUER NOTA

Alegria, alegria
Alô, prefeita Marta! Por acaso o Leonel Jospin agarra a cara-metade em público? A senhora foi ao sambódromo em caráter oficial e um certo decoro cai bem. Aliás, a senhora conhece a piada politicamente incorreta sobre o Favre? Sabe por que ele é franco-argentino e não vice-versa? Porque não existe argentino-franco.

Psiu!
O Mundial de F-1 vem aí e eu aproveito para lançar a campanha "Em boca fechada não entra mosca", a fim de ajudar o Barrichello a se manter longe de encrencas. Se você aprova, escreva para mim.

E-mail- barbara@uol.com.br

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