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Improvisação tenta evitar o pior
DA REPORTAGEM LOCAL
Os moradores da região do córrego Aricanduva repetiam ontem
uma triste rotina que se tornou
comum em todos os verões: a limpeza da lama e entulho trazidos
pelas enchentes na cidade.
Cansados de esperar por soluções dos poderes públicos, os moradores e comerciantes da região
improvisaram medidas para tentar evitar o pior.
Maria José Gomes, 41, mora há
nove anos na avenida Aricanduva. Com a ajuda de parentes,
construiu uma espécie de "segundo andar" sobre sua casa para
proteger os móveis e os filhos.
"Toda vez que chove, a gente fica
angustiado porque sabe que vai
viver o mesmo drama. Além da
sujeira que fica, tenho medo das
doenças que a enchente pode trazer. Ontem, a água entrou pelos
fundos da casa, chegou a mais de
1,5 metro e eu via ratos "nadando"
na minha sala", afirmou, enquanto lavava a calçada ainda suja.
O vendedor Edinaldo Viana da
Rocha, que trabalha em uma concessionária de automóveis, viu
anteontem, pela primeira vez, o
Aricanduva transbordar. "Foi assustador. As pessoas estavam
ilhadas dentro dos carros. A gente
não tinha como ajudar porque estava tentando salvar as coisas aqui
dentro", disse o vendedor.
"Ainda bem que não perdemos
nada, mas vamos elevar o piso e
construir uma rampa aqui para
que a água não entre mais", afirmou Rocha.
Já Manoel Sobreira, dono de um
posto de gasolina, não teve a mesma sorte. Ele passou o dia todo
contabilizando prejuízos e limpando o local. "Eu perdi mais de
R$ 5.000 nessa enchente, e a prefeitura não vai fazer nada. Eu pago meus impostos e não vejo benefício algum."
Questionada sobre a revolta dos
moradores da região, a prefeita de
São Paulo, Marta Suplicy (PT),
afirmou que a situação é difícil e
que o governo municipal está trabalhando para resolver o problema das enchentes. Mas, de acordo
com Marta, a solução não será
imediata.
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