São Paulo, sexta-feira, 15 de fevereiro de 2002

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Improvisação tenta evitar o pior

DA REPORTAGEM LOCAL

Os moradores da região do córrego Aricanduva repetiam ontem uma triste rotina que se tornou comum em todos os verões: a limpeza da lama e entulho trazidos pelas enchentes na cidade.
Cansados de esperar por soluções dos poderes públicos, os moradores e comerciantes da região improvisaram medidas para tentar evitar o pior.
Maria José Gomes, 41, mora há nove anos na avenida Aricanduva. Com a ajuda de parentes, construiu uma espécie de "segundo andar" sobre sua casa para proteger os móveis e os filhos. "Toda vez que chove, a gente fica angustiado porque sabe que vai viver o mesmo drama. Além da sujeira que fica, tenho medo das doenças que a enchente pode trazer. Ontem, a água entrou pelos fundos da casa, chegou a mais de 1,5 metro e eu via ratos "nadando" na minha sala", afirmou, enquanto lavava a calçada ainda suja.
O vendedor Edinaldo Viana da Rocha, que trabalha em uma concessionária de automóveis, viu anteontem, pela primeira vez, o Aricanduva transbordar. "Foi assustador. As pessoas estavam ilhadas dentro dos carros. A gente não tinha como ajudar porque estava tentando salvar as coisas aqui dentro", disse o vendedor.
"Ainda bem que não perdemos nada, mas vamos elevar o piso e construir uma rampa aqui para que a água não entre mais", afirmou Rocha.
Já Manoel Sobreira, dono de um posto de gasolina, não teve a mesma sorte. Ele passou o dia todo contabilizando prejuízos e limpando o local. "Eu perdi mais de R$ 5.000 nessa enchente, e a prefeitura não vai fazer nada. Eu pago meus impostos e não vejo benefício algum."
Questionada sobre a revolta dos moradores da região, a prefeita de São Paulo, Marta Suplicy (PT), afirmou que a situação é difícil e que o governo municipal está trabalhando para resolver o problema das enchentes. Mas, de acordo com Marta, a solução não será imediata.



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