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São Paulo, sábado, 15 de fevereiro de 2003

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URBANISMO

Calçadas da avenida Lineu de Paula Machado serão reduzidas e local será monitorado por câmeras

Área nobre faz obra antiprostituição

Antônio Gaudério/Folha Imagem
Travesti conversa com motorista na avenida, em Cidade Jardim


SÉRGIO DURAN
DA REPORTAGEM LOCAL

Os moradores da região da avenida Lineu de Paula Machado, em Cidade Jardim, zona sul de São Paulo, iniciaram, nesta semana, obras de um projeto arquitetônico em busca de uma solução definitiva para a prostituição e a violência que deterioram o bairro.
A idéia é transformar as calçadas da avenida em uma área à prova de travestis e garotas de programa. A via liga a marginal Pinheiros, região da Vila Olímpia, à Cidade Universitária, passando na frente do Jóquei Clube. Hoje, a maioria das casas está vazia.
Segundo Raimundo Menin, 52, presidente da Sociedade Amigos da rua Maracaibo e do Jardim Everest, só três famílias ainda moram na Lineu atualmente.
Ele e os moradores das 300 casas das imediações já tentaram combater, de outras formas, a prostituição no local. No ano passado, tiveram a idéia da reforma.
As calçadas são parte fundamental do projeto. São nelas que serão plantados jardins de sálvias, lírios e azaléias. O calçamento tem seis metros de largura. Esse espaço será reduzido para um metro e meio, voltados para o lado de dentro. No limite com a rua, ficará a vegetação, que será farta.
Com isso, pretende-se inibir o cliente que pára o automóvel na avenida para conversar com os travestis. Essa tarefa ficará ainda mais difícil porque, além dos jardins, o projeto prevê suspender a calçada em 30 centímetros, o que impossibilitará abrir a porta do carro para quem estaciona na via.
Há outras medidas previstas, entre as quais o reforço na iluminação e a modificação das praças, também usadas para programas.
As duas praças principais da região -a Professor Cardim e a Doutor João Ademar de Almeida Prado- terão a sua área aumentada dos 500 m2 atuais para cerca de 10 mil m2.
As ruas de acesso e contorno das praças serão reduzidas, deixando espaço para a passagem de um único carro por vez.
O projeto prevê ainda pista de cooper e ciclovia. "Vamos transformar a avenida em uma imensa área de lazer e convocar as pessoas para frequentá-la", afirma. Os dois quilômetros da avenida serão monitorados por câmeras. As imagens serão transmitidas pela internet.
O projeto custou R$ 1,3 milhão e foi bancado pelos moradores (cerca de R$ 3.000 para cada um). As previsões do presidente da sociedade de bairro são de concluir as obras até maio.
A reforma conta com o apoio da Subprefeitura do Butantã. Mas há outros planos dos moradores que não agradavam a administração municipal, como o fechamento de algumas ruas do bairro, criando um bolsão residencial.
Entre as vias a serem fechadas estão a rua Elias Cutait, a avenida das Acácias, a rua Taques Alvim e a rua Alberto da Silveira. A ação civil nš 576, de 1996, movida pelo bairro pelo fechamento das ruas já tem sentença transitada em julgado, não cabendo mais recurso da prefeitura.


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