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Travesti diz que não sai do local
DA REPORTAGEM LOCAL
Apesar de os moradores apostarem que as obras no bairro irão
finalmente conseguir inibir a
prostituição, travestis que atuam
no local afirmam que não sairão
da avenida após a reforma.
"A idéia de colocar câmeras [cujas imagens serão transmitidas
pela internet" só trará danos ao
bairro. Isso vai ameaçar muitos
casamentos", ironiza Midori
Amorim, 30, que afirma trabalhar
a aproximadamente dez anos no
bairro Cidade Jardim.
O travesti, porém, reconhece
que parte das reclamações dos
moradores é verdadeira -principalmente em relação às queixas
sobre violência.
Segundo ele, há um grupo de
travestis que rouba na região. Esse
grupo, diz Midori, é violento também contra os companheiros de
profissão. "Eles nos cobram multa, que, na gíria, significa parte do
nosso ganho da noite", afirma.
Porém, diz Midori, as rondas
policiais acabam prendendo
quem não tem nada a ver com isso. "Isso precisaria ser mais justo.
Mas, na verdade, essas meninas
que roubam têm proteção."
Alguns travestis são protegidos
de cafetões que transitam pela região de motocicleta. Eles trabalhariam também com tráfico de
drogas, segundo moradores.
Clientela é grande
Midori migrou de Belém do Pará (PA) para São Paulo e iniciou-se na prostituição aos 15 anos. Na
avenida, onde fatura em média R$
150 por dia, ele é respeitado pela
antiguidade. Diz que a prostituição existe no bairro porque a
clientela do Morumbi, vizinho a
Cidade Jardim, é muito grande.
Os outros travestis da avenida
são arredios. Respondem a duas
ou três perguntas e fogem. Por
volta das 20h da última quinta-feira, a reportagem flagrou um
travesti praticando sexo com dois
jovens aparentando cerca de 25
anos, na praça Professor Cardim.
Para Midori, também militante,
os moradores deveriam investir
em programas sociais e não nas
obras antiprostituição. "Para a
maioria de nós, que foi expulsa de
casa, a rua é a única opção", diz.
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