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AMBIENTE
Os fabricantes deveriam ter dado destinação adequada para 80 mil toneladas de pneumáticos; deram a quase cem mil
Reciclagem de pneus supera meta em 2002
MARIANA VIVEIROS
DA REPORTAGEM LOCAL
No ano passado, a indústria brasileira de pneumáticos conseguiu
superar a meta de reciclagem de
um pneu usado para cada quatro
produzidos ou importados, estabelecida pela resolução 258 do
Conama (Conselho Nacional do
Meio Ambiente), de 1999.
Os fabricantes deveriam ter dado uma destinação adequada a
cerca de 80 mil toneladas de
pneumáticos; deram a quase cem
mil toneladas, segundo a Anip
(Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos) e o Ibama
(Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis), a quem cabe fiscalizar o cumprimento da legislação.
O esforço dos produtores, sozinho, fez com que 57% das 175 mil
toneladas de carcaça que, se estima, são descartadas por ano fossem usadas em fornos de cimento
no país. Nos Estados Unidos, o
percentual gira em torno de 73%,
ou 685 mil das 940 mil toneladas
de carcaças jogadas fora por ano.
O reaproveitamento nos EUA
deve ser ainda maior porque lá há
uma lei que determina a utilização progressiva de pneus inservíveis na fabricação de "asfalto-borracha", uso ainda incipiente no
Brasil. Por outro lado, os remoldadores brasileiros (que reformam pneus velhos) também dizem ter recolhido em 2002 quase
3,8 milhões de carcaças, que foram prioritariamente enviadas
para a usina de produção de gás e
óleo combustíveis da Petrobras
no Paraná -o número ainda não
é confirmado pelo Ibama.
"Quando a indústria quer, consegue cumprir o que manda a lei",
resume o presidente da Anip, Gerardo Tommasini. O esforço envolveu toda a rede de revenda de
pneus no país, ou por volta de
4.000 lojas que recebem de volta
pneus usados quando fazem a
troca por novos. O material é levado para "ecopontos" espalhados
por quase todos os Estados. De lá,
vai para centros de trituração e,
depois, para as usinas de cimento
-Tommasini diz que deve haver
cerca de dez fornos licenciados.
No processo, envolvem-se algumas prefeituras -a do Rio de Janeiro, por exemplo, recolhe os
pneus em caçambas instaladas na
cidade- e governos -como é o
caso do de São Paulo, que já mandou para o centro de trituração de
Jundiaí (interior do Estado) quase
70 mil toneladas de pneus velhos
retirados do rio Tietê pela obra de
aprofundamento da sua calha.
A destinação final incorreta de
pneus usados pode transformá-los em fontes de problemas ambientais e de saúde pública.
Depositados inteiros em aterros
de lixo comum, ocupam um espaço já rarefeito e tendem a subir
para a superfície; jogados nas vias
públicas, rios e córregos, facilitam
enchentes porque entopem bueiros e diminuem a capacidade de
escoamento e, com o tempo, podem ainda se degradar, liberando
poluentes; empilhados em quintais ou terrenos baldios, se transformam em habitat de animais
que podem transmitir doenças
graves como leptospirose (ratos)
e dengue (mosquitos); queimados, emitem gases tóxicos.
Duplicar
Pela resolução do Conama, a
meta de destinação correta neste
ano duplica: é de um pneu para
cada dois produzidos ou importados, ou cerca de 180 mil toneladas.
Em 2004, a meta é de um para um
e em 2005 passa a ser reciclar cinco pneus inservíveis para cada
quatro produzidos. O desafio, porém, é encarado com otimismo.
"Se nós conseguirmos neste ano
e no ano que vem, e certamente
vamos conseguir, como fizemos
no ano passado, não tenha dúvida
de que você não vai mais ver
pneus por aí", diz Tommasini.
Para isso, afirma, é necessário,
entretanto, fortalecer as duas
pontas do processo: a entrega, por
parte dos consumidores, dos
pneus velhos aos revendedores e
o desenvolvimento e ampliação
das possibilidades economicamente viáveis de reaproveitamento do material recolhido.
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