São Paulo, domingo, 15 de fevereiro de 2004

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EUA enfrentam ilhas de calor

DA REPORTAGEM LOCAL

Não é só São Paulo que sofre as conseqüências das ilhas de calor. O problema aflige também grandes cidades do mundo como Atlanta, Dallas, Houston e Nashville (nos EUA), Tóquio (Japão) e Cidade do México. Ainda que esses centros urbanos não enfrentem o paradoxo das enchentes versus represas vazias, eles sofrem efeitos do superaquecimento na deterioração da qualidade do ar.
Isso porque, no inverno, as ilhas de calor costumam favorecer inversões térmicas (quando uma camada de ar quente prende uma camada de ar mais frio próxima à superfície), o que impede a dissipação dos poluentes. Embora o fenômeno ocorra também na capital paulista, não há ainda estudos que avaliem o seu peso no agravamento da poluição.
Nos EUA, a EPA (agência ambiental) mantém com a Nasa (agência espacial) um projeto-piloto para avaliar o problema das ilhas de calor nas cidades de Salt Lake City (Utah), Sacramento (Califórnia) e Baton Rouge (Louisiana), com o intuito de buscar soluções locais que possam ser depois aplicadas em larga escala.
A avaliação das instituições é que, apesar de as ilhas de calor existirem em muitos centros urbanos, sua intensidade varia conforme as características específicas de cada um deles -a exemplo do clima, da topografia, do nível e do padrão de urbanização e da localização geográfica. Por isso as estratégias mais eficazes para reduzir os efeitos do aquecimento também devem obedecer às particularidades regionais.
Para tanto, o projeto combina o resultado da análise de dados de satélite e aeronaves espaciais da Nasa com o conhecimento adquirido a partir de reuniões das quais participam diversas entidades de cada cidade envolvida (ONGs, técnicos, representantes das indústrias e órgãos governamentais locais) para identificar que medidas devem ser tomadas para combater as ilhas de calor.
Pesquisas e trabalhos de campo indicam que plantar árvores em locais estratégicos e aumentar a reflexividade de prédios e superfícies pavimentadas podem ser alternativas. O que se quer saber é o efeito real dessas ações em diferentes realidades urbanas.

Chuvas
No caso dos temporais, a Nasa confirmou em 2002, por meio de um satélite que mede chuva, que as precipitações de verão são mais intensas em cima das grandes cidades por causa das ilhas de calor.
Segundo Augusto José Pereira Filho, pesquisador do IAG/USP, no norte do Estado de São Paulo também já existem locais mais quentes que a média, mas, como a região está muito distante do mar, que é a principal fonte de umidade, não sofre tanto com as chuvas fortes no verão. (MV)


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