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SAÚDE
Barulho de trio elétrico, por exemplo, é capaz de lesar células responsáveis pela captação de sons de alta freqüência
Som alto pode causar trauma auditivo
CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL
Os foliões que se cuidem neste
Carnaval. A exposição a sons
muito altos, como os de um trio
elétrico, pode causar trauma sonoro agudo, que leva à perda auditiva temporária ou permanente.
Essa é a segunda causa mais comum de deficiência da audição.
Nesse tipo de trauma, são lesadas as células sensoriais auditivas,
chamadas de ciliadas ou ciliares,
localizadas na cóclea (ouvido interno) e responsáveis pela captação de sons de alta freqüência.
As pessoas percebem os sons
como "abafados" e têm a sensação de ouvido entupido. Também
é comum terem a audição diminuída e escutarem um zumbido
permanente no ouvido afetado.
Em geral, a recuperação ocorre
em dois ou três dias após o trauma sonoro. Mas alguns sons podem ser tão altos que provocam a
perda imediata da audição, afirma o médico Arnaldo Guilherme,
53, professor de otorrinolaringologia da Unifesp (Universidade
Federal de São Paulo).
Foi o que aconteceu com o artista plástico Marco Aurélio de Souza e Silva, 46, de Ribeirão Preto
(SP). No ano passado, após ficar
três horas próximo a uma caixa de
som de um trio elétrico, ele perdeu 30% da sua audição. Silva
também se queixa de um zumbido permanente no ouvido esquerdo, que causa dificuldade de
concentração, principalmente em
ambientes silenciosos. "É como se
houvesse uma panela de pressão
apitando na minha cabeça."
Com o tratamento, a base de anticonvulsivante e tranqüilizantes,
a acuidade auditiva melhorou e o
zumbido diminuiu, mas não
completamente. "Neste Carnaval
vou para a serra da Canastra
[MG], bem longe de barulho."
Assim como Silva, há pessoas
mais suscetíveis que outras aos
traumas sonoros, afirma o otorrinolaringologista Luís Carlos Alves de Sousa, 48, secretário da Sociedade Brasileiro de Otologia.
Predisposição genética, resfriados
e até mesmo estresse podem colaborar para a ocorrência do trauma. "Expor o órgão fadigado ao
ruído é um incentivo", diz Sousa.
Por isso, a orientação é para que
todos evitem lugares barulhentos,
como boates e festas carnavalescas, por muito tempo seguido. "A
cada 10 ou 15 minutos, sai de perto do barulho, descansa o ouvido
e volta para a folia", recomenda.
De acordo com Arnaldo Guilherme, sons de trios elétricos
chegam a 130 decibéis, semelhantes ao barulho de um jato decolando a dois metros de distância.
O risco é maior para quem fica
mais tempo exposto às altas vibrações sonoras por muito tempo, como os músicos. "Todos devem usar protetor auricular."
A exposição repetida a ruídos
por um longo período de tempo
pode causar pequenos traumas
auditivos que irão se somando, levando a uma perda progressiva
da audição de alta freqüência.
Segundo os médicos, os sintomas da perda auditiva induzida
por ruído são sutis, começando,
geralmente, pelas freqüências
agudas (som de um violino, por
exemplo). Mas, como as outras
freqüências estão normais, essas
pessoas não percebem o perigo.
"Geralmente, quando procuram o médico, já é tarde, a lesão já
está instalada", afirma Guilherme. Ele defende que as pessoas
expostas a barulhos constantes
incluam a audiometria em seus
exames de rotina.
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