São Paulo, terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

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Polícia do RJ mira delegado que ajudou operação da PF

Claudio Ferraz colaborou na prisão de 30 policiais na Operação Guilhotina

Chefe da Delegacia de Repressão ao Crime Organizado, ele diz que buscas na divisão são "um constrangimento"

DO RIO

Uma ação determinada na noite de domingo pelo chefe de Polícia Civil do Rio, Alan Turnowski, expôs a queda de braço interna que abala as forças policiais no Estado.
Turnowski determinou o fechamento, para averiguações, de uma divisão chefiada pelo delegado Claudio Ferraz, um dos responsáveis pelas investigações que levaram à Operação Guilhotina, na sexta-feira passada.
A operação expôs as ligações de policiais civis e militares com milícias, vazamento de informações para traficantes, apropriação de armas e bens apreendidos e uma série de outros delitos.
Desde sexta, quando a operação começou, 38 pessoas foram presas, incluindo 30 policiais -um deles, o delegado Carlos Oliveira, ex-braço direito de Turnowski e ex-secretário municipal de Ordem Pública da capital.
O próprio chefe de Polícia Civil foi convocado e ouvido, na sexta, na sede da Polícia Federal, que participou da operação. Nas investigações pré-operação, testemunhas haviam acusado Turnowski de receber propina.
Enquanto o chefe de Polícia Civil era ouvido, no andar de cima da sede da PF o delegado Claudio Ferraz participava de entrevista coletiva na qual o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, e o superintendente da PF no Rio, Angelo Gioia, apresentavam os resultados da Operação Guilhotina.
Dias antes de a operação ser deflagrada, Beltrame havia retirado a Draco/IE (Delegacia de Repressão ao Crime Organizado e de Inquéritos Especiais), chefiada por Ferraz, da estrutura da Polícia Civil e colocado a divisão ligada diretamente a ele.

DOSSIÊ
Em entrevista ontem à tarde, o chefe de Polícia Civil afirmou ter recebido em casa, no domingo, um dossiê com documentos e transcrições de gravações contra o delegado Cláudio Ferraz e investigadores da Draco.
O dossiê, de acordo com Turnowski, apresentava irregularidades em inquéritos, usadas para extorquir dinheiro de empresários e prefeituras. Documento apresentado por ele se referia a um inquérito de 2008.
Turnowski afirmou ainda ter recebido transcrição de uma escuta que teria sido feita pela PF na qual se fala sobre o pagamento de "merenda" a agentes da Draco para não investigar a máfia da pirataria de São Paulo.

REAÇÃO
"Quem vai definir o futuro dele [Ferraz] é o secretário de Segurança. Há fortes indícios de corrupção aqui na Draco. Eu o exoneraria", disse Turnowski. Beltrame não se pronunciou ontem sobre a operação do chefe da polícia.
Ferraz afirmou que as buscas feitas na unidade são "um constrangimento".
"Estou tomando conhecimento para depois, se houver necessidade, prestar esclarecimentos", declarou.


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