São Paulo, quarta-feira, 15 de março de 2006

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SEGURANÇA

Acusada de terrorismo foi transferida para delegacia no Morumbi; ela diz temer ser morta caso ocorra extradição

PF pede autorização para expulsar libanesa

ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

A Polícia Federal em São Paulo pediu ontem ao Ministério da Justiça autorização para instaurar um inquérito de expulsão do Brasil da economista libanesa Rana Abdel Rahim Koleilat, 39.
Ela foi presa no domingo no Parthenon Hotel de Santana, zona norte de São Paulo. É acusada no Líbano de dar um dos maiores golpes bancários da história daquele país, US$ 1,2 bilhão (R$ 2,56 bilhões em valores atuais), e de envolvimento no atentado que matou, em fevereiro de 2005, o primeiro-ministro Rafik Hariri.
De acordo com a Polícia Civil, quando foi abordada, Rana teria oferecido dinheiro -US$ 200 mil- para não ser presa pelos policiais. Ela foi acusada de corrupção ativa. Por ter supostamente cometido esse crime no Brasil, a Delegacia de Imigração da PF solicitou -e ainda não obteve resposta do Ministério da Justiça- a abertura do inquérito de expulsão contra a economista.
Ontem à tarde, depois de passar dois dias presa em uma sala da 7ª Delegacia Seccional, em Itaquera (zona leste de São Paulo), Rana foi levada para a carceragem do 89º DP (Portal do Morumbi), na zona oeste, uma delegacia com esquema de segurança convencional.
No período em que esteve na 7ª Seccional, Rana pedia para tomar refrigerante light e comer lanches, como mistos-quentes.
O advogado da economista, Victor Mauad, afirmou que o pedido de relaxamento da prisão em flagrante pela acusação de corrupção ativa, feito por ele ontem, não chegou a ser analisado porque estava com a Promotoria. A decisão deverá sair hoje.
Tanto para os policiais civis responsáveis por sua prisão quanto para seu advogado, Rana disse temer ser extraditada para o Líbano, onde diz ser vítima de perseguição política. A economista afirma que era amiga do primeiro-ministro e que, após a morte, deixou o país por ser perseguida.
No Líbano, os jornais ontem deram destaque à prisão. O diário "L"Orient-Le Jour" publicou em sua capa texto sobre a libanesa, chamada de "célebre banqueira". O texto diz que autoridades locais analisam os trâmites para a extradição da economista, mas que, por não haver acordo nesse sentido entre Brasil e Líbano, as autoridades brasileiras não têm a obrigação de enviá-la de volta.


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