|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
OSVALDO ROMANO (1928-2010)
Um alfaiate que adorava cantar com o tenor italiano
ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL
Osvaldo Romano não queria saber de médico. A filha
Roseli, para convencê-lo a ir
ao consultório, só mesmo
com a promessa de botar pelo
caminho as músicas italianas
favoritas do pai, para que ele
pudesse ir cantando.
E cantava bem, ela conta.
Filho de italianos, seu ídolo
máximo era o tenor Beniamino Gigli. A família costumava
procurar vídeos do cantor na
internet para mostrar a ele
-assim que os via, Osvaldo
saía cantando junto. Música,
para ele, era uma forma de reviver o passado, ainda mais se
fosse tocada em alguma cantina do Bixiga.
Na vida, Osvaldo -no registro, seu nome é com "w", mas
ele se recusava a usá-lo- foi
alfaiate, ofício que começou a
aprender com os irmãos mais
velhos, nos tempos da oficina
que tinham na Teodoro Sampaio. Ali, o penúltimo de nove
irmãos aprendeu a cortar, especializando-se na confecção
de ternos.
Em sua alfaiataria no bairro
de Pinheiros, na zona oeste da
capital paulista, ele trabalhou
até uns dois anos atrás. Criticava as lojas atuais, que vendem ternos prontos e baratos.
Quando Osvaldo se aposentou, sentia falta do serviço de
que tanto gostava.
Devido a um problema vascular, foi recentemente ao
médico e acabou descobrindo
um câncer de pulmão - ele
nunca tivera sintomas. Fumante por 66 anos, morreu na
quarta, aos 82, em decorrência da doença.
Deixa viúva, com quem foi
casado por 63 anos, três filhos, cinco netos, um bisneto
e as cachorrinhas Vicky e Nana. No hospital, dizia morrer
de saudade delas. A missa de
sétimo dia será amanhã, às
19h30, na igreja do Calvário,
em São Paulo, onde havia sido
coroinha.
coluna.obituario@uol.com.br
Texto Anterior: Mortes Próximo Texto: Ibirapuera recebe animais "expulsos" pelo Rodoanel Índice
|