São Paulo, segunda-feira, 15 de março de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

OSVALDO ROMANO (1928-2010)

Um alfaiate que adorava cantar com o tenor italiano

ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL

Osvaldo Romano não queria saber de médico. A filha Roseli, para convencê-lo a ir ao consultório, só mesmo com a promessa de botar pelo caminho as músicas italianas favoritas do pai, para que ele pudesse ir cantando.
E cantava bem, ela conta. Filho de italianos, seu ídolo máximo era o tenor Beniamino Gigli. A família costumava procurar vídeos do cantor na internet para mostrar a ele -assim que os via, Osvaldo saía cantando junto. Música, para ele, era uma forma de reviver o passado, ainda mais se fosse tocada em alguma cantina do Bixiga.
Na vida, Osvaldo -no registro, seu nome é com "w", mas ele se recusava a usá-lo- foi alfaiate, ofício que começou a aprender com os irmãos mais velhos, nos tempos da oficina que tinham na Teodoro Sampaio. Ali, o penúltimo de nove irmãos aprendeu a cortar, especializando-se na confecção de ternos.
Em sua alfaiataria no bairro de Pinheiros, na zona oeste da capital paulista, ele trabalhou até uns dois anos atrás. Criticava as lojas atuais, que vendem ternos prontos e baratos. Quando Osvaldo se aposentou, sentia falta do serviço de que tanto gostava.
Devido a um problema vascular, foi recentemente ao médico e acabou descobrindo um câncer de pulmão - ele nunca tivera sintomas. Fumante por 66 anos, morreu na quarta, aos 82, em decorrência da doença.
Deixa viúva, com quem foi casado por 63 anos, três filhos, cinco netos, um bisneto e as cachorrinhas Vicky e Nana. No hospital, dizia morrer de saudade delas. A missa de sétimo dia será amanhã, às 19h30, na igreja do Calvário, em São Paulo, onde havia sido coroinha.

coluna.obituario@uol.com.br


Texto Anterior: Mortes
Próximo Texto: Ibirapuera recebe animais "expulsos" pelo Rodoanel
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.