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Ibirapuera recebe animais "expulsos" pelo Rodoanel
Após início das obras, clínica da prefeitura no parque recebeu 221 animais da região
Grandes obras, como a reforma da marginal Tietê, aumentam a demanda no centro de tratamento, que só atende espécies silvestres
CRISTINA MORENO DE CASTRO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Quando o gavião-carcará
chegou à Divisão de Medicina
Veterinária e Manejo da Fauna
Silvestre -uma espécie de hospital de animais ligado à Prefeitura de São Paulo, dentro do
parque Ibirapuera- recebeu
uma ficha clínica que registrou,
dentre outros dados, sua origem (lote 5 do trecho sul do Rodoanel), histórico (parou de
voar depois de trombar contra
um caminhão) e data de entrada (sexta-feira, 12 de março).
Era o 39.519º animal atendido no lugar e um dos 221 que
chegaram ali vindos das obras
do trecho sul do Rodoanel.
Segundo os biólogos da divisão, não era comum chegarem
animais silvestres daquela região. Depois que as obras começaram, os bichos feridos vindos
de lá já representam 4,7% de
todos os atendidos no período.
"Este lugar é um termômetro
do que está acontecendo na cidade", diz a bióloga Brígida
Fries. Grandes obras, como a
reforma na marginal Tietê e a
do Rodoanel, causam impacto e
aumentam atendimentos do
centro de tratamento.
O problema é que algumas
daquelas espécies correm risco
de extinção local, se perderem
seu habitat. É o caso dos bugios,
preguiças-de-três-dedos, quatis e cuícas, além de aves como
o juriti-piranga, cuiú-cuiú e tucano-do-bico-verde, que foram
trazidas das obras do Rodoanel.
Aves migratórias e filhotes sofrem impacto maior.
A Dersa não informou, até o
fechamento desta edição, o número de animais silvestres
atendidos nem como avalia o
impacto do Rodoanel na fauna
silvestre. Disse apenas que o
projeto é "muito complexo" e
que os animais são encaminhados para vários centros.
Hospital de animais
No centro de tratamento do
parque Ibirapuera, os animais
silvestres recebem medicamentos, passam por reabilitações pós-cirúrgicas e depois são
soltos na natureza (49%) ou enviados a cativeiro (14%). Um
terço não sobrevive.
Como num hospital, eles fazem exames e têm horário para
banho de sol. Antes de terem
uma destinação, os "pacientes"
ficam de uma semana a vários
meses em tratamento, dormindo em gaiolas separadas.
Quando precisam de uma
reabilitação maior, vão para a
outra sede do centro, no parque
Anhanguera. É o caso de corujas e gaviões que precisam reaprender a voar ou a caçar.
A reportagem viu saguis, bugios, tartarugas e uma maioria
esmagadora de aves -inclusive
o gavião-carcará, que foi entregue por uma veterinária da
Dersa na presença da Folha.
O centro comporta pouco
mais de 500 animais e não recebe espécies domésticas, nem
animais que não estejam feridos ou doentes. Já recebeu
9.446 ameaçados de extinção.
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