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TRANSPORTE
Tribunal contesta mudança em consórcios após pré-qualificação; medida pode atrasar obras no trecho Luz-Vila Sônia
TCE suspende licitação da linha 4 do Metrô
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL
O TCE (Tribunal de Contas do
Estado) suspendeu a continuidade da licitação da linha 4-amarela
do Metrô de São Paulo, uma das
principais realizações da gestão
Geraldo Alckmin (PSDB), cujas
obras, na primeira fase, são estimadas em US$ 786 milhões.
A abertura das propostas comerciais das empresas participantes estava marcada para ontem, mas teve de ser cancelada depois da decisão do conselheiro do
TCE Antonio Roque Citadini, que
viu indícios de irregularidades.
Citadini analisou na última sexta-feira um pedido da empresa espanhola Cobra Instalaciones Y
Servicios S/A, que contestava a
aceitação, pelo Metrô, de uma
mudança na composição de consórcios depois da etapa de pré-qualificação dos participantes.
A Cobra entrou na licitação em
parceria com a Andrade Gutierrez e a Queiroz Galvão. Esse consórcio foi habilitado para disputar
os três lotes da licitação. Mas, na
última quinta-feira, quatro dias
antes da abertura dos envelopes, a
Cobra soube que a Andrade Gutierrez e a Queiroz Galvão tiveram
a anuência do Metrô para migrar
para dois consórcios, desfazendo,
assim, a composição inicial.
Citadini viu no fato "um desrespeito à legislação" que regula as licitações no país -a 8.666, de
1993. "Essa situação implica desconsiderar, por inteiro, a fase de
pré-qualificação", escreveu.
A posição do TCE confere um
novo atraso à concorrência da linha 4-amarela, cujas obras foram
prometidas no primeiro mandato
de Mário Covas (95-99).
A abertura das propostas comerciais chegou a ser marcada
para 15 de março, mas foi adiada
pelo Metrô em razão de 780 pedidos de esclarecimentos. A administração Alckmin espera que a
decisão do TCE seja revertida em
sessão do próximo dia 23.
A linha 4-amarela do Metrô vai
ligar os bairros da Luz (centro) e
Vila Sônia (zona oeste), com 12,8
km de extensão e uma demanda
diária próxima de 1 milhão de
passageiros. O sistema metroviário tem hoje menos de 60 km e
transporta 2,5 milhões por dia.
A licitação de US$ 786 milhões
envolve três lotes. Do total, US$
418 milhões terão financiamento
do Bird (Banco Mundial) e do
JBIC (Japan Bank Internacional
Corporation). A linha 4-amarela
inteira, incluindo a segunda fase,
custará US$ 1,26 bilhão.
Além da decisão do TCE, a concorrência enfrenta uma batalha
jurídica com os consórcios que
não foram habilitados pelo Metrô
na pré-qualificação. Eles recorreram à Justiça contestando os critérios de desclassificação e obtiveram liminares para participar.
Das propostas para os três lotes,
20 foram qualificadas, mas outras
18 obtiveram liminares. Das quatro sentenças, duas foram favoráveis e duas contrárias ao Metrô.
Se as empresas que conseguiram liminares oferecerem os menores preços, a disputa jurídica
deverá se arrastar na Justiça. O gerente jurídico do Metrô, Sergio
Avelleda, nega, oficialmente, essa
preocupação. "Eu acredito plenamente que as obras começarão
neste semestre." Ele afirmou ontem que também não espera ter
dificuldades para reverter a decisão do TCE. O Metrô alega que,
por haver financiamento de organismos internacionais, a licitação
não é obrigada a seguir todos os
moldes da lei brasileira 8.666/93.
Segundo Avelleda, todas as decisões tiveram aval do Bird.
Trocas
A gestão Alckmin divulgou a
troca no comando das principais
empresas estaduais que cuidam
do transporte coletivo. Luiz Carlos Frayze David, ex-secretário
dos Transportes, assume a presidência do Metrô, substituindo
Miguel Kozma. Na CPTM, Mário
Bandeira, que era diretor da agência que fiscaliza as concessões de
estradas, substitui Oliver Hossepian Salles de Lima. Na EMTU, sai
Márcio Junqueira e entra Joaquim Lopes da Silva Júnior.
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