DA REPORTAGEM LOCAL

O sindicato dos motoristas e cobradores deverá aceitar um corte de até 7.300 condutores nas empresas de ônibus de São Paulo -do total de 10.800 previsto inicialmente- para fechar um acordo que garanta, independentemente de disputas judiciais, parte do pagamento das dívidas trabalhistas dos funcionários de nove viações que foram descredenciadas pela gestão Marta Suplicy.
O secretário de Formação e Cultura da entidade, Francisco Xavier da Silva Filho, disse ontem que a diretoria considerou "aceitável" uma proposta feita no último sábado, durante reunião com representantes da prefeitura e do Transurb (sindicato patronal).
Segundo ele, dos 10.800 condutores das nove empresas fechadas, de 3.500 a 4.000 seriam reabsorvidos pelas demais viações do sistema. O restante tentaria se recolocar só em setembro, quando haveria um plano de demissões voluntárias em todas as empresas e a demissão dos aposentados.
O sindicalista afirmou ainda que as viações teriam aceitado pagar as dívidas do FGTS de 1999 para cá. Os que fossem afastados do sistema ganhariam uma cesta básica mensal durante um ano. Os que fossem readmitidos teriam direito a metade da multa pela demissão. Os pagamentos seriam feitos em quatro parcelas.
Silva Filho disse ainda que as propostas foram feitas pelo próprio Transurb. "Se as viações fizeram algum acordo com a prefeitura, não sabemos dizer." O secretário Jilmar Tatto (Transportes) e os representantes do Transurb não quiseram se manifestar ontem sob a alegação de que as negociações continuam.
A oferta por parte do Transurb causou estranhamento nos sindicalistas já que, na semana passada, uma decisão do TRT (Tribunal Regional do Trabalho) determinou que a prefeitura é a responsável direta pela dívida trabalhista -de R$ 70 milhões.
Cinco dias depois do fim da greve de dois dias dos motoristas de ônibus, os tumultos continuaram. Na manhã de ontem, um ônibus foi incendiado - o sexto em nove dias- e seis, depredados -já são 188 do dia 5 para cá.
Os tumultos de ontem aconteceram na zona sul. O motorista de um ônibus da viação Pacto, ao parar em um semáforo, às 4h15, foi obrigado, por três homens armados, a abrir as portas. Um deles assumiu a direção por 15 minutos. Em seguida, eles saíram e atearam fogo no veículo.