São Paulo, sábado, 15 de abril de 2006

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CLIMA

Segundo Defesa Civil, 19 cidades atingidas precisam de cerca de 8.000 cestas básicas; oito já morreram no Estado

Chuva no Pará já faz faltar alimentos

THIAGO REIS
RENATA BAPTISTA
DA AGÊNCIA FOLHA

As chuvas que já atingiram 116 mil pessoas no Pará e causaram oito mortes estão deixando parte da população sem alimentos. O último relatório da Defesa Civil aponta que as 19 cidades atingidas (16 em situação de emergência) necessitam, com urgência, de 8.032 cestas básicas.
As inundações são provocadas pelo transbordamento dos rios Tapajós (oeste), Xingu (centro), Araguaia e Tocantins (sul)
O Corpo de Bombeiros diz que a situação está sob controle. "Nós já começamos a entregar para as pessoas que estão em abrigos as primeiras cestas básicas", afirmou o capitão Marcos Victor Norat. Anteontem, foram distribuídas 10 mil, concedidas pelo governo federal, segundo o capitão.
A situação é bastante crítica em Almeirim, que precisa de 1.775 cestas básicas. Há, na cidade, ao menos 10 mil pessoas afetadas por enchentes. A cidade já registrou três mortes nos últimos dias. Foram duas crianças, uma de três anos e outra de dez meses, e um homem de 74 anos. Em todo o Estado, o número de desabrigados sobe a cada dia. Já são 5.000. Há ainda outros 14 mil desalojados.
Há dois municípios que somam quase metade dos atingidos pelas chuvas: Óbidos (com 22.135) e Eldorado do Carajás (com 23.500 pessoas afetadas).
Em Marabá, 2.220 moradores já ficaram desabrigados e tiveram de sair de suas casas.
A técnica de enfermagem Clorisvaldina Alves de Sousa, 47, já se prepara para deixar a casa em que mora no bairro de Santa Rosa, em Marabá. Desde 1970, quando chegou de Tocantinópolis (GO) para se casar, ela precisa deixar sua casa pelo menos uma vez por ano, na época de chuva. Ela se muda para a cada da irmã, em Novo Repartimento. Até agora, porém, "a água só invadiu a cozinha."
Sem trabalhar há quase um ano, Sousa, que mora com um filho desempregado de 21 anos, disse que não tem condições de se mudar definitivamente do local.
Ela diz ainda que, por conta das enchentes, os locais estão sempre cheios de cobras, ratos e baratas. E que as pessoas de seu bairro vivem doentes.

Sem emprego
Cerca de 30 pessoas perderam o emprego em razão da paralisação de uma fábrica de cerâmica. Há ainda prejuízo para os produtores de leite. As perdas chegam a 35%, cerca de 120 mil litros/dia -que não conseguem ser escoados.
Há 150 técnicos do Corpo de Bombeiros e da Defesa Civil na operação. Um efetivo do Exército também está presente nas cidades em que há prejuízos.
De acordo com o Cptec (Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos), nas regiões central, norte e oeste do Pará já choveu entre 100 mm e 200 mm a mais do que era previsto para todo o mês de abril (em torno de 300 mm).
"É uma situação preocupante. Há 20 dias chove sem parar nas regiões de cabeceira [de rios]. E a previsão é que essa situação piore", disse o capitão do Corpo de Bombeiros Marcos Victor Lima Norat, da Defesa Civil do Pará.
De acordo com informações do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), a previsão para hoje no Pará é de tempo nublado a encoberto, com chuvas no centro, oeste e sul do Estado. Nas demais regiões do Pará, o tempo fica parcialmente nublado com pancadas de chuva. Para amanhã e segunda, o instituto prevê mais chuva.


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