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PM do Rio tem 2º menor salário do país
Policial militar fluminense em início de carreira recebe R$ 874, valor superior apenas aos R$ 850 pagos por Alagoas
DF tem maior remuneração inicial, de R$ 2.900, e SP, que tem o maior Orçamento e paga R$ 1.240, está em 12º no ranking feito pela Folha
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL
O Estado do Rio de Janeiro,
que tem feito insistentes apelos
ao governo federal pelo auxílio
das Forças Armadas no combate à violência, paga hoje o segundo menor salário aos policiais militares do país.
Levantamento feito pela Folha dos salários dos PMs em
início de carreira mostra que o
Rio só paga mais que Alagoas,
um dos Estados mais pobres do
Brasil. Os PMs do Rio ganham
R$ 874 (no Estado, o menor salário de professor é de R$ 862) e
os de Alagoas, R$ 850.
O Distrito Federal tem a melhor remuneração inicial (R$
2.900). São Paulo, Estado com
o maior Orçamento e detentor
da terceira renda per capita, está apenas em 12º no ranking.
O mais baixo rendimento de
um soldado paulista é de R$
1.240 (o professor recebe R$
1.144), menor que o de Estados
como Amapá (R$ 1.770), Amazonas (R$ 1.546), Paraná
(1.700) e Rondônia (R$ 1.251) .
O cruzamento do ranking salarial com o de homicídios contradiz o senso comum de que
há relação direta entre baixos
salários dos policiais e altos índices de criminalidade.
Entre aqueles com os maiores índices de homicídios, segundo o Mapa da Violência, divulgado em fevereiro, estão
tanto o Distrito Federal -5º
em assassinatos e campeão salarial- como Pernambuco -1º
em homicídios e 3º pior salário.
Autor de cinco livros sobre
segurança, o coronel da PM do
Rio Jorge da Silva diz que comparar violência e salários de policiais, além de inadequado, tira
a discussão do foco. ""Um fator
[rendimento] não desencadeia
o outro. Poderia, sim, aumentar
a violência do policial, pois ele
trabalha estressado, intranqüilo. Mas o que a sociedade precisa decidir é que tipo de relação
pretende manter e que tratamento quer dar à polícia."
O presidente da Associação
dos Militares Estaduais do Rio,
coronel Paulo da Rocha Monteiro, afirma que que os baixos
salários são determinantes para a insatisfação da tropa. ""São
policiais que, obviamente, trabalham intranqüilos, o que pode afetar a produtividade."
Preocupação
O Rio do governador Sergio
Cabral (PMDB) ficará em situação ainda mais comprometedora caso Alagoas cumpra a
ordem judicial, de março, que
determina reajuste de 88,5%
para cabos e soldados. Passaria,
assim, para o último lugar.
Em conversas reservadas,
autoridades fluminenses dizem estar preocupadas com o
alto índice de envolvimento de
policiais com a criminalidade.
Afirmam também que muitos
policiais têm feito "corpo mole"
em razão dos baixos salários.
Para o coronel Monteiro, a
presença da Força Nacional no
Estado, outro pedido do governo, gera ainda mais insatisfação, pois coloca lado a lado PMs
de outros Estados e os do Rio,
que ganham bem menos. ""Nossos PMs ficam incomodados.'
É dentro desse panorama
que o governo do Rio já enfrenta pressões da PM por reajuste
de 54%. O governo, porém, está
amarrado à falta de verba. Do
R$ 1,34 bilhão disponível para a
PM no Orçamento deste ano,
R$ 1,16 bilhão está comprometido com salários, situação recorrente no país.
A Secretaria de Segurança do
Rio afirmou que está negociando com os policiais, mas que,
com só três meses de governo,
não foi possível avaliar qual é a
margem do Orçamento para
atender aos pedidos. A Secretaria de Gestão de São Paulo, que
gerencia a folha de pagamento
dos servidores, não quis falar
dos valores pagos à polícia.
Colaboraram a Sucursal do Rio, a Agência Folha
e a Sucursal de Brasília
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