|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Para ministro, educação é "sofisticação da perversidade"
KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA
O ministro da Ciência e Tecnologia, Roberto Amaral, defendeu
ontem, em Fortaleza, a criação de
universidades federais fora da região Sudeste para diminuir as desigualdades regionais no país.
"O que é feito em educação é a
sofisticação da perversidade. Ao
filho do povo é destinada uma escola pública, na qual nenhum de
nós colocaria os filhos. E esse aluno, por ter sido mal formado no
ensino médio, vai prestar vestibular nas indústrias privadas do Sul,
onde é obrigado a pagar, e o resto
da história nós já conhecemos."
O termo "indústrias privadas do
Sul" referia-se à grande quantidade de faculdades particulares.
Segundo o ministro, o Sudeste
tem mais pesquisadores do CNPq
(Conselho Nacional de Pesquisa
Científica e Tecnológica) que a soma das demais regiões do país.
No país há 11.760 grupos de pesquisa -57% no Sudeste, onde estão 70,6% (5.438) das bolsas. As
menos atendidas são Centro-Oeste e Norte, que juntas têm 5,2%
(398) das bolsas. "Não é que se
queira prejudicar São Paulo, mas
não é bom para ninguém haver
um bolsão de conhecimento e nada em outros locais."
Quanto à verba para ampliar o
número de universidades federais, Amaral disse que serão necessárias parcerias. O Ministério
da Educação seria o responsável
por construir as universidades. O
Ministério da Ciência e Tecnologia tem em fundos setoriais orçamento de R$ 660,5 milhões neste
ano, mas R$ 453,9 milhões estão
reservados para dívidas.
Em Fortaleza, o cearense Amaral chorou ao relembrar amigos,
como o ex-governador Beni Veras (PSDB), e anunciou, em reunião com o governador Lúcio Alcântara (PSDB), o projeto de instalar no Estado um centro de produção de hardwares -a parte física do computador, que não inclui os programas (ou softwares).
O ministro proferiu palestra na
Fiec (Federação das Indústrias do
Estado do Ceará) com o tema
"Política de Ciência e Tecnologia
para o Desenvolvimento do País".
Texto Anterior: Ensino superior: Governo investiga pós-graduação irregular Próximo Texto: 1º dia de aula: Presença de poucos negros frustra ONG Índice
|