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São Paulo, quinta-feira, 15 de maio de 2003

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Para ministro, educação é "sofisticação da perversidade"

KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA

O ministro da Ciência e Tecnologia, Roberto Amaral, defendeu ontem, em Fortaleza, a criação de universidades federais fora da região Sudeste para diminuir as desigualdades regionais no país.
"O que é feito em educação é a sofisticação da perversidade. Ao filho do povo é destinada uma escola pública, na qual nenhum de nós colocaria os filhos. E esse aluno, por ter sido mal formado no ensino médio, vai prestar vestibular nas indústrias privadas do Sul, onde é obrigado a pagar, e o resto da história nós já conhecemos."
O termo "indústrias privadas do Sul" referia-se à grande quantidade de faculdades particulares.
Segundo o ministro, o Sudeste tem mais pesquisadores do CNPq (Conselho Nacional de Pesquisa Científica e Tecnológica) que a soma das demais regiões do país.
No país há 11.760 grupos de pesquisa -57% no Sudeste, onde estão 70,6% (5.438) das bolsas. As menos atendidas são Centro-Oeste e Norte, que juntas têm 5,2% (398) das bolsas. "Não é que se queira prejudicar São Paulo, mas não é bom para ninguém haver um bolsão de conhecimento e nada em outros locais."
Quanto à verba para ampliar o número de universidades federais, Amaral disse que serão necessárias parcerias. O Ministério da Educação seria o responsável por construir as universidades. O Ministério da Ciência e Tecnologia tem em fundos setoriais orçamento de R$ 660,5 milhões neste ano, mas R$ 453,9 milhões estão reservados para dívidas.
Em Fortaleza, o cearense Amaral chorou ao relembrar amigos, como o ex-governador Beni Veras (PSDB), e anunciou, em reunião com o governador Lúcio Alcântara (PSDB), o projeto de instalar no Estado um centro de produção de hardwares -a parte física do computador, que não inclui os programas (ou softwares).
O ministro proferiu palestra na Fiec (Federação das Indústrias do Estado do Ceará) com o tema "Política de Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento do País".


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