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São Paulo, quinta-feira, 15 de maio de 2003

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1º DIA DE AULA

Não houve conflito entre alunos que entraram por cotas ou pelo sistema tradicional na Uerj

Presença de poucos negros frustra ONG

DA SUCURSAL DO RIO

No primeiro dia de aula para os calouros da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), ontem, estudantes negros e representantes de ONGs anti-racismo esperavam ver mais alunos afrodescendentes no campus da instituição.
Apesar da frustração de alguns, a recepção aos estudantes na maioria dos cursos foi tranquila, com poucos trotes e nenhum conflito entre alunos que ingressaram por cotas ou pelo sistema tradicional.
No trote do curso de economia, Irapuan Pertininha, 22, autodeclarado negro, foi recebido pela estudante negra Eloá Santos, 19. Ela, que entrou no ano passado na Uerj sem as cotas, disse que não viu muita diferença na cor dos novos alunos.
"No ano passado só havia duas estudantes negras na minha turma. Hoje, estou vendo três. Mas sou a favor do sistema de cotas", afirmou a universitária.
O frei Davi Santos, coordenador da ONG Educafro, reclamou da presença de poucos negros nos cursos que visitou. No próximo ano, a Educafro quer que a lei de cotas raciais aceite apenas o termo negro na autodeclaração. Para a ONG, a palavra pardo deu margem a "fraudes".
"Quem realmente é pardo não teria problema em se declarar negro", afirmou o frei.
A reitora Nilcéa Freire, entretanto, afirmou que era possível perceber uma mudança no perfil socioeconômico dos estudantes.
No ano passado, o vestibular da instituição teve duas cotas que foram sobrepostas: uma reservava 50% das vagas para alunos da rede pública, enquanto outra exigia que 40% dos estudantes fossem negros ou pardos.
Para o próximo ano letivo, a Secretaria de Ciência e Tecnologia do Estado apresentou à governadora Rosinha Matheus (PSB) proposta de mudança.
De acordo com a proposta principal, 20% das vagas deverão ser reservadas para alunos da rede pública, 20% para negros e pardos e outros 5% para deficientes físicos e representantes de outras minorias.
Com isso, o percentual máximo de alunos que ingressariam por cotas seria de 45%.


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