São Paulo, segunda-feira, 15 de maio de 2006

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GUERRA URBANA

Em São Sebastião, oito presos morreram e 14 ficaram feridos; delegado de Jaboticabal é incendiado e corre risco de morte

Rebelião envolve 52% dos detentos de SP

Reginaldo Pupo/Folha Imagem
SÃO SEBASTIÃO Presos rebelados na cadeia de São Sebastião, no litoral de São Paulo; rebelião deixou oito presos mortos e 14 feridos


DA AGÊNCIA FOLHA

DA FOLHA RIBEIRÃO DA REPORTAGEM LOCAL As 80 rebeliões lideradas pelo PCC em unidades da capital e do interior de São Paulo atingiram pelo menos 62% dos presos do Estado, com 381 reféns. Esses números se referem aos motins deflagrados em 71 presídios administrados pela Secretaria da Administração Penitenciária (SAP). Também ocorreram rebeliões em nove cadeias públicas, administradas pela Secretaria da Segurança Pública (que não forneceu o número de presos e de reféns em suas unidades). Os registros indicam 13 presos mortos.
Até a noite de ontem, 55 unidades (entre presídios e cadeias) continuavam amotinadas, com 237 reféns. Essas rebeliões em curso mobilizam 42,5% dos 124.446 presos do Estado sob administração da SAP.
Em um dos levantes, o delegado Adelson Taroco, 39, foi incendiado por presos na cadeia de Jaboticabal e, de acordo com o Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, corre risco de morte. Na cadeia de São Sebastião, oito presos morreram e 14 ficaram feridos.

A megarrebelião comandada pelo PCC se alastrou nas últimas 48 horas, atingindo 57 presídios e 273 reféns às 13h de ontem.
O movimento chegou a abranger mais da metade da população carcerária de São Paulo: havia 64.401 presos -52% dos presos do Estado- nas 57 unidades amotinadas às 13h de ontem. Às 18h, os presídios somavam 41% da população carcerária.
A SAP (Secretaria da Administração Penitenciária), que centralizou as informações sobre as rebeliões, não divulgou o número de feridos nos motins.
No CDP 1 (Centro de Detenção Provisória) de Pinheiros (zona oeste da capital) tiros começaram a ser ouvidos durante a manhã. Ao meio-dia, a unidade foi tomada e as visitas ficaram retidas. Às 18h, visitantes começaram a sair.

Interior
No oeste paulista, a situação mais tensa era em Irapuru (631 km da capital), onde a tropa de choque da PM se posicionava para entrar no presídio, que abrigava cinco reféns. As negociações foram suspensas no fim da tarde.
Em Martinópolis (553 km a oeste), 12 trabalhadores ainda estavam sob o domínio dos presos. Pela manhã, numa tentativa de fuga, dois detentos foram feridos.
Nas rebeliões em três penitenciárias do complexo-penitenciário Campinas-Hortolândia, 21 agentes foram feitos reféns, sendo que dez deles ficaram feridos.
No CDP de Bauru, um agente disse que a unidade estava "quebrada". Segundo ele, havia no local 130 visitantes. A PM de Itapetininga informou que dois agentes tiveram ferimentos leves.
Em Franca, dois atentados feriram um carcereiro, um policial militar e um comerciante, que foi atingido no peito e na perna e está internado em estado grave.
Na Penitenciária 2 de Reginópolis, quatro carcereiros e 300 visitas eram mantidas no presídio.
Na Penitenciária 2 de São Vicente, os presos subiram até as caixas-d'água da unidade. Familiares que aguardavam informações na porta da cadeia se comunicavam com os detentos por meio de telefones celulares.
Os motins terminaram em São José dos Campos, Araraquara, Serra Azul e Ribeirão Preto.
(THIAGO GUIMARÃES, CRISTIANO MA CHADO, RAQUEL BOCATO, MARIANA CAMPOS, RACHEL AÑÓN, MARCELO TOLEDO, FABRÍCIO FREIRE GOMES, MAURICIO SIMIONATO E SIMONE HARNIK)


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