São Paulo, segunda-feira, 15 de maio de 2006

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GUERRA URBANA

Governador afirma estar "com controle absoluto" da situação e que "estão misturando ações do PCC com crimes próprios da cidade"

Lembo diz que já esperava ações há 20 dias

FABIO SCHIVARTCHE
CÁTIA SEABRA

DA REPORTAGEM LOCAL
A polícia de São Paulo sabia há três semanas que o PCC planejava atacar as forças de segurança do Estado, disse ontem à Folha o governador Cláudio Lembo (PFL).
"Uns 20 dias atrás nosso serviço de inteligência havia recolhido folhetos manuscritos dentro de unidades prisionais. Era uma troca de informações que sinalizavam para uma série de ataques programados para ocorrer no domingo do Dia das Mães", disse Lembo, repetindo. "Não somos desvairados. Tínhamos informações".
Assessores do governador dizem que eram esperados "eventos explosivos". Foi com base nessa programação do PCC que Lembo reuniu um comitê de emergência com seus principais secretários na quarta-feira, no Palácio dos Bandeirantes, sede da gestão estadual.
No encontro decidiu-se pela transferência, já no dia seguinte, para a Penitenciária 2 de Presidente Venceslau de Marcola, o principal chefe da facção criminosa, e de outros 764 detentos.
"Nossa expectativa era ter grandes atividades criminosas no domingo. Mas a transferência antecipou a ação [os ataques começaram na noite de sexta-feira]", disse Lembo, segundo o qual houve dificuldade em evitar os atentados. "Foram muitos ataques e de forma descentralizada, atingindo até policiais fora do serviço."
Apesar das ações do PCC, o pefelista disse estar "com controle absoluto" da situação. "Além do mais, estão misturando ações do PCC com crimes próprios da grande cidade. O controle é total. Não temos a menor preocupação com o futuro."
Embora admita que "o impacto foi violento" -"nunca poderíamos imaginar que agrediriam um bombeiro ao lado da viatura" -, Lembo chamou de "aproveitadores de momento" os que criticam a política de segurança, como o líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP). "O líder do governo na Câmara só fala bobagem. A polícia está muito bem preparada e equipada."
Ao descrever a operação, Lembo fez confusão com o nome da facção criminosa: "Você tinha uma série de militantes do comando de caça, essa besteira, PCB...PCC, em várias penitenciárias. Eles iam fazer uma série de revoltas hoje [ontem], Dia das Mães. Soubemos antes. Pegamos os perigosos, 670, não sei exatamente o número, e deslocamos para Presidente Bernardes e sabíamos que haveria reação. Veio à tona todo o primeiro comando de caça. Como é o nome dessa porcaria? PCC".
Dizendo-se grato com um telefonema da governadora do Rio, Rosinha Matheus, Lembo afirmou que "o Rio é um drama nacional, como São Paulo".
Mas, ao comentar o pequeno volume de telefonemas, concluiu: "Descobri, efetivamente, que o poder é solitário".
Lembo disse que prepara a criação de um "gabinete de discussão" sobre a legislação no país. Segundo ele," a legislação é obsoleta" e este é "o grande momento do Congresso". "No Brasil, o preso não pode ser mantido em regime especial. O que vale mais, toda a coletividade ou uma pessoa individualmente?".


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