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GUERRA URBANA
Governador afirma estar "com controle absoluto" da situação e que "estão misturando ações do PCC com crimes próprios da cidade"
Lembo diz que já esperava ações há 20 dias
FABIO SCHIVARTCHE
CÁTIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
A polícia de São Paulo sabia há
três semanas que o PCC planejava
atacar as forças de segurança do
Estado, disse ontem à Folha o governador Cláudio Lembo (PFL).
"Uns 20 dias atrás nosso serviço
de inteligência havia recolhido folhetos manuscritos dentro de unidades prisionais. Era uma troca
de informações que sinalizavam
para uma série de ataques programados para ocorrer no domingo
do Dia das Mães", disse Lembo,
repetindo. "Não somos desvairados. Tínhamos informações".
Assessores do governador dizem que eram esperados "eventos
explosivos". Foi com base nessa
programação do PCC que Lembo
reuniu um comitê de emergência
com seus principais secretários na
quarta-feira, no Palácio dos Bandeirantes, sede da gestão estadual.
No encontro decidiu-se pela
transferência, já no dia seguinte,
para a Penitenciária 2 de Presidente Venceslau de Marcola, o
principal chefe da facção criminosa, e de outros 764 detentos.
"Nossa expectativa era ter grandes atividades criminosas no domingo. Mas a transferência antecipou a ação [os ataques começaram na noite de sexta-feira]", disse Lembo, segundo o qual houve
dificuldade em evitar os atentados. "Foram muitos ataques e de
forma descentralizada, atingindo
até policiais fora do serviço."
Apesar das ações do PCC, o pefelista disse estar "com controle
absoluto" da situação. "Além do
mais, estão misturando ações do
PCC com crimes próprios da
grande cidade. O controle é total.
Não temos a menor preocupação
com o futuro."
Embora admita que "o impacto
foi violento" -"nunca poderíamos imaginar que agrediriam um
bombeiro ao lado da viatura" -,
Lembo chamou de "aproveitadores de momento" os que criticam
a política de segurança, como o líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP). "O líder do
governo na Câmara só fala bobagem. A polícia está muito bem
preparada e equipada."
Ao descrever a operação, Lembo fez confusão com o nome da
facção criminosa: "Você tinha
uma série de militantes do comando de caça, essa besteira,
PCB...PCC, em várias penitenciárias. Eles iam fazer uma série de
revoltas hoje [ontem], Dia das
Mães. Soubemos antes. Pegamos
os perigosos, 670, não sei exatamente o número, e deslocamos
para Presidente Bernardes e sabíamos que haveria reação. Veio à
tona todo o primeiro comando de
caça. Como é o nome dessa porcaria? PCC".
Dizendo-se grato com um telefonema da governadora do Rio,
Rosinha Matheus, Lembo afirmou que "o Rio é um drama nacional, como São Paulo".
Mas, ao comentar o pequeno
volume de telefonemas, concluiu:
"Descobri, efetivamente, que o
poder é solitário".
Lembo disse que prepara a criação de um "gabinete de discussão" sobre a legislação no país. Segundo ele," a legislação é obsoleta" e este é "o grande momento do
Congresso". "No Brasil, o preso
não pode ser mantido em regime
especial. O que vale mais, toda a
coletividade ou uma pessoa individualmente?".
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