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GUERRA URBANA
A Folha apurou que emissários do secretário Nagashi Furukawa estiveram ontem em Presidente Venceslau; governo nega
Gestão Lembo faz negociação com o PCC
ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL
Preocupados com a onda de
violência causada pelo PCC e com
a repercussão internacional dos
ataques, membros do governo
paulista começaram ontem a negociar com líderes da facção.
A Folha apurou que pessoas ligadas diretamente ao secretário
da Administração Penitenciária,
Nagashi Furukawa, com orientações passadas por assessores do
governador Cláudio Lembo
(PFL), estiveram ao longo do dia
na Penitenciária 2 de Presidente
Venceslau (620 km de SP), para
onde 765 homens ligados direta
ou indiretamente ao comando geral da facção foram transferidos
entre quinta e sexta-feira.
Assessores do governo negam
essa negociação. O governador
Cláudio Lembo disse que não negocia com criminosos.
Macarrão
O principal interlocutor dessa
negociação é o ex-marceneiro Orlando Mota Júnior, 34. Conhecido
como Macarrão, Júnior foi um
dos transferidos para a P2 de Venceslau justamente por ter o respeito dos membros da facção e
ocupar um posto de liderança.
Como o líder máximo do PCC,
Marcos Willians Herbas Camacho, 38, o Marcola, foi levado sigilosamente no sábado para o CRP
(Centro de Readaptação Penitenciária) de Presidente Bernardes
(589 km de SP), onde ficará isolado -em RDD, Regime Disciplinar Diferenciado-, o governo do
Estado decidiu abrir negociação
direta com Macarrão, que cumpre pena de 48 anos e oito meses
pelos crimes de roubo, furto, formação de quadrilha e receptação.
Antes de ser levado para o "Parque dos Monstros", apelido dado
pelos membros do PCC à prisão
de Venceslau devido à concentração de integrantes do grupo, Macarrão estava em Getulina.
Os negociadores do governo
chegaram a oferecer um celular
para que Macarrão ligasse para alguns dos presídios e pedisse o fim
dos motins. Macarrão teria dito
que não tinha poder suficiente na
facção para isso.
O presidiário pediu tempo para
apresentar a proposta do governo
(cujas bases são mantidas em sigilo) aos demais detentos. A única
proposta aceita de imediato por
ambos os lados foi a de que a Tropa de Choque não tentaria retomar o controle dos presídios rebelados. Ontem, no entanto, algumas penitenciárias foram invadidas pela PM.
A Folha apurou que a abertura
da negociação entre membros do
governo e representantes do PCC
causou revolta em vários agentes
responsáveis pela segurança dos
presídios paulistas, principalmente os que estão lotados na região oeste do Estado.
O secretário Nagashi Furukawa
foi procurado ontem à noite, por
meio de sua assessoria de imprensa, mas não quis se pronunciar.
Seus assessores informaram apenas que as negociações eram feitas em cada unidade, pelas diretorias de cada penitenciária ou CDP
(Centro de Detenção Provisória).
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