São Paulo, segunda-feira, 15 de maio de 2006

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GUERRA URBANA

A Folha apurou que emissários do secretário Nagashi Furukawa estiveram ontem em Presidente Venceslau; governo nega

Gestão Lembo faz negociação com o PCC

ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

Preocupados com a onda de violência causada pelo PCC e com a repercussão internacional dos ataques, membros do governo paulista começaram ontem a negociar com líderes da facção.
A Folha apurou que pessoas ligadas diretamente ao secretário da Administração Penitenciária, Nagashi Furukawa, com orientações passadas por assessores do governador Cláudio Lembo (PFL), estiveram ao longo do dia na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau (620 km de SP), para onde 765 homens ligados direta ou indiretamente ao comando geral da facção foram transferidos entre quinta e sexta-feira.
Assessores do governo negam essa negociação. O governador Cláudio Lembo disse que não negocia com criminosos.

Macarrão
O principal interlocutor dessa negociação é o ex-marceneiro Orlando Mota Júnior, 34. Conhecido como Macarrão, Júnior foi um dos transferidos para a P2 de Venceslau justamente por ter o respeito dos membros da facção e ocupar um posto de liderança.
Como o líder máximo do PCC, Marcos Willians Herbas Camacho, 38, o Marcola, foi levado sigilosamente no sábado para o CRP (Centro de Readaptação Penitenciária) de Presidente Bernardes (589 km de SP), onde ficará isolado -em RDD, Regime Disciplinar Diferenciado-, o governo do Estado decidiu abrir negociação direta com Macarrão, que cumpre pena de 48 anos e oito meses pelos crimes de roubo, furto, formação de quadrilha e receptação.
Antes de ser levado para o "Parque dos Monstros", apelido dado pelos membros do PCC à prisão de Venceslau devido à concentração de integrantes do grupo, Macarrão estava em Getulina.
Os negociadores do governo chegaram a oferecer um celular para que Macarrão ligasse para alguns dos presídios e pedisse o fim dos motins. Macarrão teria dito que não tinha poder suficiente na facção para isso.
O presidiário pediu tempo para apresentar a proposta do governo (cujas bases são mantidas em sigilo) aos demais detentos. A única proposta aceita de imediato por ambos os lados foi a de que a Tropa de Choque não tentaria retomar o controle dos presídios rebelados. Ontem, no entanto, algumas penitenciárias foram invadidas pela PM.
A Folha apurou que a abertura da negociação entre membros do governo e representantes do PCC causou revolta em vários agentes responsáveis pela segurança dos presídios paulistas, principalmente os que estão lotados na região oeste do Estado.
O secretário Nagashi Furukawa foi procurado ontem à noite, por meio de sua assessoria de imprensa, mas não quis se pronunciar. Seus assessores informaram apenas que as negociações eram feitas em cada unidade, pelas diretorias de cada penitenciária ou CDP (Centro de Detenção Provisória).


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