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PROIBIDÃO
CDs, bem produzidos, tocam em bailes e presídios; sucesso é maior no litoral de São Paulo
Hinos funks exaltam a organização
DA REPORTAGEM LOCAL
Assim como a facção criminosa carioca CV (Comando Vermelho), a organização paulista
PCC tem hinos de exaltação,
promove bailes funks e ainda
demarca territórios com pichações "15.3.3" e com o símbolo
chinês do yin-yang, pintado de
branco-e-preto, adotado como
escudo do grupo.
Ao contrário dos CDs de músicas gravados com exaltação ao
CV, produzidos quase que artesanalmente nos morros do Rio,
os produzidos pelo PCC têm
qualidade na captação do som e
a produção gráfica mais refinada. Nas duas capitais, rádios piratas tocam essas músicas, muitas vezes atendendo pedidos feitos por presidiários, com o uso
do celular.
Em São Paulo, cidades da Baixada Santista -principalmente
Santos e São Vicente- são
aquelas em que mais acontecem
bailes funks e a produção de músicas que, depois de gravadas,
são adotadas como hinos.
Criados nos morros de Santos,
os funkeiros Renatinho e Alemão são considerados pelos
membros do PCC os melhores
MC's (mestre de cerimônia) que
compõem e gravam hinos (veja
ao lado). Quase todo final de semana, eles fazem shows pelo litoral e também cantam, além
dos proibidões do PCC, funks
românticos, outros bem descontraídos e alguns têm até o tom de
hinos puramente evangélicos.
Nos discos que colocam à venda, os funkeiros costumam fazer, nos encartes dos CDs e em
algumas letras, agradecimentos
diretos aos líderes do PCC. No
álbum "Guerreiro Não Gela",
Renatinho e Alemão mandam
mensagens a Marcos Willians
Herbas Camacho, 38, o Marcola,
líder da facção paulista.
O álbum de maior sucesso da
dupla é "Taleban - Parque dos
Monstros". Na capa do disco, os
dois aparecem usando óculos
escuros e boné estilo militar,
com o World Trade Center em
chamas ao fundo. "Parque dos
Monstros" é uma maneira de se
referir aos presídios que abrigam muitos membros da facção,
caso da Penitenciária 2 de Presidente Venceslau (620 km de SP).
No início deste ano, durante
revistas em penitenciárias paulistas, foram apreendidas várias
cópias de CDs com exaltação ao
PCC. Em alguns deles, as letras
tinham rajadas de metralhadoras e ameaças diretas ao ex-governador Geraldo Alckmin, pré-candidato à Presidência, e a Nagashi Furukawa, secretário da
Administração Penitenciária.
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