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GUERRA URBANA
Presidente do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária classificou como retórica afirmação de Cláudio Lembo
Para Mariz de Oliveira, houve desleixo
RICARDO GALLO
DA REPORTAGEM LOCAL
O comando da segurança pública em São Paulo foi desleixado ao
não privilegiar a investigação e a
contra-informação no combate à
criminalidade, afirmou ontem o
advogado criminalista Antônio
Cláudio Mariz de Oliveira, presidente do Conselho Nacional de
Política Criminal e Penitenciária.
Ele classificou com "retórica" a
declaração do governador Cláudio Lembo (PFL) de que os ataques do PCC às forças de segurança do Estado eram previsíveis. "Se
era previsível, tinha a obrigação
de se evitar. Isso é retórica. Na
verdade, o que eles [PCC] estão
fazendo é banditismo, e estão fazendo porque não havia oposição
[da polícia e do Estado]."
Mariz, 60, também mostrou
contrariedade em relação ao Judiciário paulista, que, segundo ele,
resiste à adoção de penas alternativas. Secretário de Estado da Segurança Pública em 1990, na gestão de Orestes Quércia (PMDB),
Mariz, questionado pela Folha,
afirmou avaliar que as ações do
PCC são uma espécie de terrorismo desvinculado de ideologias e
religião. Leia a seguir trechos da
entrevista dada por Mariz, por telefone, à Folha.
Folha - Qual a avaliação do sr. em
relação aos ataques promovidos
pelo PCC em São Paulo?
Antonio Cláudio Mariz de Oliveira - Entendo que houve basicamente desleixo por parte das polícias no que diz respeito a um trabalho investigatório, de inteligência, para detectar e impedir o crescimento dessas quadrilhas. Acho
um verdadeiro escárnio a polícia,
que quando quer trabalha de forma absolutamente correta, não
ter colocado a inteligência policial, da contra-informação, para
obter dados [sobre os ataques].
Quero fazer aqui uma ressalva aos
esforços do secretário Nagashi.
Acompanho o trabalho dele, sei
que é um homem de dedicação,
criatividade, mas acho que ele não
conta com apoio da polícia.
Folha - A ofensiva do PCC pode
ser considerada terrorismo?
Mariz de Oliveira - Se você entender o terrorismo como uma atividade que põe em risco a segurança, sim. É um terrorismo com um
modo diferente, sem aparente conotação ideológica ou religiosa.
Folha - Em entrevista ontem [anteontem], o governador Cláudio
Lembo (PFL) afirmou que os ataques eram "previsíveis". Como o sr.
analisa esse posicionamento?
Mariz de Oliveira - Se era previsível, tinha a obrigação de evitar. Isso é retórica. O que eles [PCC] estão fazendo é banditismo e estão
fazendo porque não havia oposição [da polícia e do Estado].
Folha - É possível dissolver o PCC
e evitar o controle da facção nos
presídios?
Mariz e Oliveira - Temos que
achar que é possível. Não basta
achar os responsáveis [pelos ataques], é necessário planificação.
Uma operação dessas não vai dar
resultado amanhã, é um trabalho
obstinado, com adoção de providências reais.
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