São Paulo, terça-feira, 15 de maio de 2007

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Praça reaparece, mas camelôs migram para ruas vizinhas no Brás

DANIEL BERGAMASCO
DA REPORTAGEM LOCAL

Com grama replantada, bancos de ferro e banheiros públicos revestidos de granito (reforma de R$ 1 milhão paga com ajuda dos lojistas do Brás), o largo da Concórdia, na região central de São Paulo, reinventa sua imagem: antes, visto de cima, era um mar de lonas azuis; hoje, visto do chão, é uma praça arborizada na qual jovens fazem pausa para leitura e clientes descansam entre uma compra e outra.
Na semana passada, a Subprefeitura da Mooca concluiu a redistribuição de TPUs (Termos de Permissão de Uso) para os cerca de 250 ambulantes que tinham autorização para ocupar o largo. Eles foram retirados de lá em 2006 e transferidos para ruas próximas, como a Ministro Firmino Whitaker e a Sayão Lobato.
Os documentos renovados têm foto dos donos e localização da barraca, para mostrar que os camelôs podem trabalhar naquele local.
Já os donos das mais de 700 bancas que estavam irregulares não foram contemplados. "Por enquanto, não vamos emitir novos TPUs", diz o subprefeito, Eduardo Odloak. "Temos antes que retirar quem está irregular, ver o espaço que sobra e aí sim pensar em regularizar mais gente."

Reforma
A reforma do largo da Concórdia custou R$ 1 milhão -R$ 600 mil pagos pela prefeitura e R$ 400 mil pelos lojistas. Foram instalados 1.300 metros de cerca para proteger a área verde, que tem 1.500 m2 de arbustos e grama e 120 novas árvores. Os banheiros estão em bom estado de conservação.
"Aqui dava medo de passar. Agora curti, ficou legal", diz o estudante Juliano Batista, 17, com os fones de um walkman no ouvido e uma apostila da escola na mão.
"O largo ficou mais bonito, mas as minhas vendas caíram muito. Antes, eu conseguia uns R$ 5.000 por mês. Agora, vendo só uns R$ 2.000", diz Nailde Silva, 37, dona de uma barraca de roupas infantis, que foi transferida para a rua Oriente, a cinco quadras do antigo ponto. "Lá [no largo], passa muito mais gente porque é perto da estação [de metrô e trem] do Brás."
"Consegui um ponto bom e vendo a mesma coisa", diz Fábio Ferreira, 22, que instalou em uma rua em frente ao Concórdia sua banca de meias, encostada em duas barraquinhas de roupas. A junção de barracas, comum na região, é ilegal. Elas devem ficar a uma distância de 10 m e não podem ser montadas em frente a pontos de ônibus, farmácias e guias rebaixadas.
"Quando retiramos os ambulantes do largo, os ratos que pulavam eram impressionantes, enormes. Pareciam quatis", diz o subprefeito.


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