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POLÍCIA
Quatro homens invadiram casa e jogaram álcool em mulher de 85 anos; após tiroteio, um PM e dois ladrões ficaram feridos
Assaltantes ameaçam queimar idosa
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO
Quatro homens armados invadiram ontem uma casa em Santa
Teresa (zona sul do Rio) e ameaçaram incendiar Elvira Sutton, 85,
para que ela lhes desse dinheiro.
Um policial e dois assaltantes terminaram feridos.
A dona-de-casa teve o corpo encharcado com álcool durante os
30 minutos em que permaneceu
como refém do grupo. Um dos assaltantes chegou a riscar um fósforo para incendiar Elvira, mas a
chama, apesar de acesa junto ao
corpo, não se propagou. Ela ainda
foi agredida com coronhadas e tapas na cabeça.
Os assaltantes exigiam que ela
entregasse dinheiro, jóias e abrisse um cofre. Como ela dizia que
nada tinha de valor em casa, o
bando decidiu queimá-la.
O empregado Carlinhos, que
chegava para trabalhar, desconfiou de que algo acontecia na casa
e avisou o neto de Elvira, o analista de sistemas Marc Sutton, 38,
que mora em uma casa vizinha.
Sutton telefonou para a PM.
Três PMs foram ao local, sendo
recebido a tiros. Um sargento foi
ferido, assim como dois assaltantes. Foi pedido reforço. A PM
montou um cerco no local, do
qual participaram 150 policiais
militares - 20 deles pertencentes
ao Bope (Batalhão de Operações
Especiais), considerada a tropa de
elite da PM fluminense.
Chefiava a ação da polícia o tenente-coronel José Penteado, comandante do Bope. Dois dias antes, ele comandara o cerco policial
ao ônibus em que o sequestrador
identificado como Sandro do
Nascimento fizera dez reféns, no
Jardim Botânico (zona sul). No
episódio, a refém Geísa Firmo
Gonçalves acabou morta.
Chegou depois
Ontem, a equipe do Bope chegou logo após o fim do confronto.
"Graças a Deus, dessa vez deu tudo certo. Não precisei negociar",
afirmou Penteado quando deixava Santa Teresa.
Ficaram feridos na troca de tiros
o sargento Cláudio Luís de Souza
Alves, 36, baleado no peito, e os
assaltantes Márcio Fraga da Silva,
26, com um tiro na coluna, e Roberto Alexandre Silva, 28, ferido
no braço direito. Os três estão
hospitalizados.
Elvira Sutton saiu ilesa do confronto, assim como os seis empregados que estavam na casa e também foram rendidos pelo grupo.
Um invasor conseguiu fugir pelo matagal existente atrás da casa.
No final da tarde, ele foi preso, baleado em um dos pés. O assaltante
identificado como Bruno, 17, foi
preso na casa e levado para a
DPCA (Delegacia de Proteção à
Criança e ao Adolescente).
Bruno manteve Elvira aprisionada em um quarto. Ele ameaçava matá-la, mas, com a chegada
do reforço, acabou se rendendo.
De acordo com o registro da 7ª
DP (Delegacia de Polícia), em
Santa Teresa, os assaltantes invadiram a casa às 10h40.
Foram rendidos, além de Elvira
Sutton, o jardineiro Geraldo Rodrigues, a acompanhante Maria
Mendes de Oliveira, a cozinheira
Isaura, o copeiro Jorge, o jardineiro Cícero e a lavadeira Ilda.
Rodrigues, 28, disse que os assaltantes ameaçavam matar todo
mundo. "Achamos que tinha chegado a nossa vez. Era um bando
que usava de violência. Eles insistiam que a senhora (Elvira) tinha
que abrir o cofre", disse.
Há 26 anos trabalhando com Elvira, Maria Mendes de Oliveira,
56, contou que, assim que começaram os tiros, os empregados se
atiraram no chão. "Parecia uma
guerra. Cheguei a machucar o
braço quando me joguei no assoalho. Esse bairro já foi bom.
Hoje é muito violento",disse.
A tentativa de assalto e a ação
policial assustaram os moradores
de Santa Teresa, bairro de classe
média, mas cercado por favelas.
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