São Paulo, quarta-feira, 15 de junho de 2005

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VIOLÊNCIA

Vítima foi baleada na nuca por assaltantes em estacionamento; Serra permaneceu cerca de 20 minutos em velório

Guarda-civil é morta em escola municipal

ANDRÉ CARAMANTE
DO "AGORA"

A guarda-civil Danielle Monteiro, 29, foi assassinada às 18h40 de anteontem, no estacionamento da Escola Municipal Vicentina Ribeiro da Luz, em Aricanduva (zona leste de São Paulo). Dois homens que tentaram roubar seu revólver calibre 38, baleados por um GCM que acompanhava Monteiro, foram presos ao tentar atendimento em dois prontos-socorros.
O prefeito José Serra (PSDB) esteve no velório da GCM, enterrada às 16h45 de ontem no Cemitério de Vila Formosa, também na zona leste. Em meio a protestos de companheiros de farda da guarda-civil, que não quiseram se identificar mas enumeraram problemas de "falta de estrutura" na corporação, o tucano permaneceu cerca de 20 minutos no local.
"Eu disse para a mãe dela: "Eu não tenho palavras para consolá-la". Perder um filho... não pode ter nada mais triste", foi o diálogo que Serra manteve, à beira do caixão de Danielle, com a dona-de-casa Maria Luzia Monteiro, 58, mãe da guarda-civil morta.
No momento em que foi ferida na nuca, Danielle, que trabalhava na noite de segunda-feira para cobrir a folga de um colega, estava perto do também GCM Marcos Santos Cardoso, 27.
Ao ouvir os dois homens -um deles ex-interno da Febem e outro, com passagens por roubo e receptação- caminharem para perto de Danielle gritando "já era, já era!", Cardoso disparou seu revólver calibre 38 cinco vezes na direção da dupla.
Mesmo feridos, os dois conseguiram fugir, enquanto Cardoso chamava o socorro para Danielle. Levada ao pronto-socorro do Jardim Iva, a guarda-civil morreu.
Enquanto esperava no PS, o GCM Cardoso percebeu quando um dos acusados, com um tiro que havia atravessado sua barriga, chegou ao mesmo PS, levado pelo irmão. Ele acabou reconhecido e preso pelo guarda-civil.
No pronto-socorro do Tatuapé, um policial civil que fazia a escolta de um preso hospitalizado viu quando o outro acusado chegou pedindo para ser atendido. Ele havia sido baleado no braço. O policial pediu para que o GCM Cardoso fosse ao PS do Tatuapé e, lá, foi reconhecido como o outro atirador. Ambos foram presos sob a acusação de tentativa de roubo seguida de morte e, após a alta médica, devem ser encaminhados para o 41º DP (Vila Rica).

Trabalho voluntário
Formada em assistência social, a guarda-civil Danielle Monteiro também trabalhava em uma ONG (organização não-governamental) que atua nos bairros de Vila Brasilândia e Jardim Guarani, ambos na zona norte da capital paulista, prestando auxílio a jovens de classes mais pobres.
Havia apenas três meses, Monteiro, apontada pela irmã Grazielle, 20, como uma pessoa que, com o seu trabalho, tentava reverter a violência, tinha deixado o centro de formação da Guarda Civil Metropolitana, onde era instrutora de novos guardas, para trabalhar no serviço de rua.
Segundo a irmã Grazielle, apesar de bem treinada, Monteiro não era acostumada a fazer o trabalho de vigilância a pé, e sim com o carro da corporação.


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