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VIOLÊNCIA SEXUAL
Estudo é da Unifesp
Só 10% das mulheres vítimas vão à polícia
LUÍSA BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL
Estudo feito por pesquisadores
da Unifesp em cerca de 8.600
prontuários médicos de mulheres
vítimas de violência sexual mostra que em somente 10% dos casos houve registro na polícia.
Foram analisados prontuários
de mulheres atendidas entre 1998
e 2003 em três centros de referência da capital: o Hospital Pérola
Byington, o Hospital Jabaquara e
a Casa da Saúde da Mulher Professor Domingos Deláscio, ligada
ao Hospital São Paulo.
Também houve entrevistas com
vítimas e profissionais que atuavam nessas unidades. Segundo o
estudo, 16% das mulheres violentadas contraem alguma doença
sexualmente transmissível. Todas
disseram que não aceitariam uma
gravidez fruto do estupro.
Segundo a coordenadora do estudo, a socióloga Eleonora Menicucci de Oliveira, parte das vítimas não procurou a polícia por
desconhecer a existência de delegacias especializadas. A maioria
dizia ter medo de ser maltratada
ao registrar o estupro.
Ela diz que, da época do estudo
até agora, a situação mudou no
Hospital Pérola Byington, que
implantou o projeto Bem-me-quer, serviço que integra procedimento médico e encaminhamento da vítima à polícia.
Rua Loefgreen
Nos últimos três meses, a Unifesp atendeu oito mulheres vítimas de violência sexual na área da
rua Loefgreen, no bairro de Vila
Clementino (zona sul), como noticiou a Folha ontem.
Na delegacia, só havia três registros. O delegado da seccional sul,
Aldo Galiano, admitiu que há
uma subnotificação dos casos.
Dados da Secretaria de Segurança Pública apontam o registro
de 303 casos de estupro na capital
no primeiro trimestre deste ano.
Em 2004, houve 1.262 casos.
Segundo Ana Galati, consultora
em saúde do Coletivo Feminista
Sexualidade e Saúde, vítimas relatam na entidade que policiais perguntam que tipo de roupa elas estavam vestindo e o que elas estavam fazendo na hora do ataque.
"Parece até que a mulher que
provocou o estupro. Há uma falta
de aconchego nas delegacias",
afirma Galati.
Para ela, é precária a capacitação dos profissionais que atuam
até mesmo nas delegacias especializadas em atender mulheres.
A delegada Marcia Salgado,
coordenadora das DDMs (Delegacias de Defesa da Mulher) no
Estado, afirmou que nos serviços
especializados o atendimento às
vítimas é feito por mulheres que
são orientadas sobre como agir
em casos de violência sexual.
Ela não descartou a possibilidade do mau atendimento. "Não
posso dizer que não ocorra", diz a
coordenadora.
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