São Paulo, sexta-feira, 15 de junho de 2007

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Megaoperação da polícia prende 2.532 pessoas

Ação ocorre em meio às investigações sobre ligação de policiais com caça-níqueis

Foi a maior operação feita na gestão Serra; dos presos, apenas cerca de 1.400 devem continuar detidos, segundo o secretário da Segurança

ANDRÉ CARAMANTE
GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL

Em meio às investigações sobre o envolvimento de policiais com o esquema de proteção a máquinas caça-níqueis, a polícia paulista desencadeou ontem a maior operação policial da gestão José Serra (PSDB).
Quatro policiais militares foram presos na ação, que envolveu o combate a todos os tipos de crime, mas nenhum por envolvimento com caça-níqueis.
O governo nega que a megaoperação, denominada "Strike" -referência ao jogo de boliche- , tenha sido usada para desviar a atenção da investigação sobre o pagamento de propina a policiais.
No total, 2.532 pessoas foram detidas no Estado, das 6h até 17h de ontem. Mas o secretário da Segurança Pública, Ronaldo Marzagão, admitiu que 1.400 devem permanecer na cadeia. Dessas, 1.105 eram consideradas foragidas pela Justiça -por isso, foram encaminhadas diretamente à prisão. Em 2006, em média, 250 pessoas foram presas por dia no Estado.
Dos 1.267 presos em flagrante e dos 160 adolescentes detidos, apenas cerca de 300 permaneceram presos pela gravidade do crime, segundo Marzagão. Os outros foram liberados, pagaram fiança ou assinaram termos circunstanciados.
A Corregedoria anunciou anteontem que pediu a quebra de sigilo telefônico e bancário de 27 policiais. Antes, o órgão dizia que eram 19 investigados. Documentos contidos no inquérito da Corregedoria mostram nomes e telefones de pelo menos 50 policiais.
Marzagão negou que a ação de ontem seja uma resposta à exposição da polícia com a investigação sobre o esquema de caça-níqueis. "Não se monta uma operação dessa em 24 horas ou em cinco dias." Segundo ele, a ação começou a ser planejada em março.
Para o coronel reformado José Vicente da Silva, ex-secretário nacional da Segurança Pública (gestão Fernando Henrique, do PSDB), megaoperações são infrutíferas. "Não que seja completamente inútil. Mas os locais têm características diferentes e fazer tudo ao mesmo tempo não é produtivo."
Em relação aos 1.105 foragidos recapturados no mesmo dia, Silva disse que a ação policial tem de ter "qualidade no dia-a-dia". "Bandido procurado a polícia tem de fazer isso [prender] sempre."


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