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Greve do Metrô dura 14 horas e provoca trânsito recorde
Governo aumentou proposta de reajuste e greve foi suspensa à tarde; foi o 3º maior congestionamento da cidade pela manhã
Serra e a vice-presidente do TRT trocaram acusações sobre o fato de a categoria não ter sido obrigada a manter pelo menos parte do serviço
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
EVANDRO SPINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma greve geral de 14 horas
dos funcionários do metrô, em
campanha salarial, provocou
ontem o terceiro maior congestionamento da história de São
Paulo no período da manhã. A
paralisação foi suspensa após o
Metrô oferecer nova proposta
de reajuste salarial à categoria.
O Metrô recebe cerca de 3 milhões de usuários por dia.
A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) registrou, às
9h, 172 km de lentidão na cidade. No período da manhã, o
maior congestionamento já registrado, de 191 km, ocorreu em
4 de novembro de 2004.
O impacto da paralisação foi
maior porque, como não havia
ordem da Justiça de manter pelo menos parte dos trens operando -ao contrário de greves
anteriores-, os metroviários
pararam todas as composições.
Às 11h30, o governador José
Serra (PSDB) disse que o Metrô
protocolou às 17h08 de anteontem ação cautelar no TRT (Tribunal Regional do Trabalho)
para tentar obrigar os metroviários a manter pelo menos
parte dos trens operando.
Depois, Serra atribuiu à vice-presidente do TRT, juíza Wilma Nogueira de Araújo Vaz da
Silva, a decisão de não julgar a
ação, o que, segundo ele, agravou os efeitos da greve.
Em nota, a juíza rebateu a
acusação dizendo que o Metrô
já estava informado de que ela
não considera a cautelar o meio
adequado para assegurar a operação dos trens. Segundo ela, o
correto é o dissídio coletivo.
O Metrô, além de considerar
que a medida cautelar é a forma correta de preservar os serviços essenciais, informou que,
em outras greves, protocolou a
medida na véspera da greve.
Cerca de 80% dos 7.600 metroviários entraram em greve à
meia-noite. Pouco antes do
meio-dia, nova assembléia
aprovou o fim da greve. Os
trens voltaram a circular por
volta das 14h.
A decisão de suspender a paralisação foi tomada após o
Metrô aumentar o índice de
reajuste salarial, de 3,59% para
4,35%. O menor salário na empresa é de cerca de R$ 1.100.
A proposta foi apresentada
pelo Metrô depois da assembléia de anteontem à noite, que
confirmou a greve, marcada
desde a semana passada.
Na assembléia de ontem, o
presidente do sindicato, Flávio
Montesinos Godoi, acusou o
Estado de demorar a apresentar a nova proposta. "A culpa é
do governo, que só apresentou
a proposta depois das 19h30
[horário da assembléia]. Por
que não a apresentou à tarde?"
Godoi sustentou que a greve
ocorreu porque o Estado se negava a negociar, versão negada
pelo diretor de assuntos corporativos do Metrô, Sérgio Avelleda. Segundo Avelleda, o novo
índice de reajuste não havia sido apresentado antes porque
estava sendo calculado o impacto que o aumento causaria
nas contas da companhia.
O diretor estimou que a folha
de pagamento deve crescer
pouco menos de 4%, já que o
reajuste não impacta em toda a
folha, de R$ 25 milhões/mês.
""O índice pode ser absorvido
normalmente. Não será necessário aumentar a tarifa por
conta do reajuste", disse.
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