São Paulo, sexta-feira, 15 de junho de 2007

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Greve do Metrô dura 14 horas e provoca trânsito recorde

Governo aumentou proposta de reajuste e greve foi suspensa à tarde; foi o 3º maior congestionamento da cidade pela manhã

Serra e a vice-presidente do TRT trocaram acusações sobre o fato de a categoria não ter sido obrigada a manter pelo menos parte do serviço

JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
EVANDRO SPINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma greve geral de 14 horas dos funcionários do metrô, em campanha salarial, provocou ontem o terceiro maior congestionamento da história de São Paulo no período da manhã. A paralisação foi suspensa após o Metrô oferecer nova proposta de reajuste salarial à categoria. O Metrô recebe cerca de 3 milhões de usuários por dia.
A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) registrou, às 9h, 172 km de lentidão na cidade. No período da manhã, o maior congestionamento já registrado, de 191 km, ocorreu em 4 de novembro de 2004.
O impacto da paralisação foi maior porque, como não havia ordem da Justiça de manter pelo menos parte dos trens operando -ao contrário de greves anteriores-, os metroviários pararam todas as composições.
Às 11h30, o governador José Serra (PSDB) disse que o Metrô protocolou às 17h08 de anteontem ação cautelar no TRT (Tribunal Regional do Trabalho) para tentar obrigar os metroviários a manter pelo menos parte dos trens operando.
Depois, Serra atribuiu à vice-presidente do TRT, juíza Wilma Nogueira de Araújo Vaz da Silva, a decisão de não julgar a ação, o que, segundo ele, agravou os efeitos da greve.
Em nota, a juíza rebateu a acusação dizendo que o Metrô já estava informado de que ela não considera a cautelar o meio adequado para assegurar a operação dos trens. Segundo ela, o correto é o dissídio coletivo.
O Metrô, além de considerar que a medida cautelar é a forma correta de preservar os serviços essenciais, informou que, em outras greves, protocolou a medida na véspera da greve.
Cerca de 80% dos 7.600 metroviários entraram em greve à meia-noite. Pouco antes do meio-dia, nova assembléia aprovou o fim da greve. Os trens voltaram a circular por volta das 14h.
A decisão de suspender a paralisação foi tomada após o Metrô aumentar o índice de reajuste salarial, de 3,59% para 4,35%. O menor salário na empresa é de cerca de R$ 1.100.
A proposta foi apresentada pelo Metrô depois da assembléia de anteontem à noite, que confirmou a greve, marcada desde a semana passada.
Na assembléia de ontem, o presidente do sindicato, Flávio Montesinos Godoi, acusou o Estado de demorar a apresentar a nova proposta. "A culpa é do governo, que só apresentou a proposta depois das 19h30 [horário da assembléia]. Por que não a apresentou à tarde?"
Godoi sustentou que a greve ocorreu porque o Estado se negava a negociar, versão negada pelo diretor de assuntos corporativos do Metrô, Sérgio Avelleda. Segundo Avelleda, o novo índice de reajuste não havia sido apresentado antes porque estava sendo calculado o impacto que o aumento causaria nas contas da companhia.
O diretor estimou que a folha de pagamento deve crescer pouco menos de 4%, já que o reajuste não impacta em toda a folha, de R$ 25 milhões/mês.
""O índice pode ser absorvido normalmente. Não será necessário aumentar a tarifa por conta do reajuste", disse.


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