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RODRIGO LABORNE MATTIOLI (1955-2008)
Breve mergulho na filosofia do mineiro
WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Rodrigo Mattioli era um
advogado que bem nadava e
um nadador de veias filosóficas, que citava pré-socráticos
nas reuniões e vivia refletindo sobre sua "existência hídrica" -afinal trocara a piscina pelo planejamento de
águas. "De um jeito ou de outro, vivia ligado à água."
"O primeiro treinador foi o
pai", que jogou seus quatro
mineirinhos na piscina do
Minas Tênis Clube. Aos oito,
Mattioli alcançou recordes
mirins. Continuou treinando na faculdade de direito
-entrava na água fria às 5h,
antes de ir para a aula.
Mas se envolveu com o
movimento estudantil, foi
preso em uma manifestação
na ditadura e acabou deixando a natação. Abriu um escritório de advocacia e entrou
para a área de planejamento
ambiental na prefeitura. Até
voltar a treinar nos anos 80.
Acabou campeão mundial
de nado master borboleta,
em 1986. Mas logo focou na
consultoria para o Plano Nacional de Recursos Hídricos.
A natação ficou restrita às
medalhas guardadas na academia criada pelos irmãos, às
histórias narradas às duas filhas e às memórias físicas.
Com 1,85 m e "um corpo de
deus grego", diz a viúva, brilhava nas piscinas. "Não é
porque é meu marido, mas
era o mais lindo." Ao visitar o
Museu do Louvre e ver uma
estátua grega de músculos
esculpidos, não teve dúvida.
"Era o corpo dele."
No ano passado ele disse
ao irmão, campeão olímpico
("é de família"), que queria
voltar a treinar. "Mas não tinha tempo". Morreu segunda, de infarto, aos 53.
obituario@folhasp.com.br
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