São Paulo, domingo, 15 de junho de 2008

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RODRIGO LABORNE MATTIOLI (1955-2008)

Breve mergulho na filosofia do mineiro

WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Rodrigo Mattioli era um advogado que bem nadava e um nadador de veias filosóficas, que citava pré-socráticos nas reuniões e vivia refletindo sobre sua "existência hídrica" -afinal trocara a piscina pelo planejamento de águas. "De um jeito ou de outro, vivia ligado à água."
"O primeiro treinador foi o pai", que jogou seus quatro mineirinhos na piscina do Minas Tênis Clube. Aos oito, Mattioli alcançou recordes mirins. Continuou treinando na faculdade de direito -entrava na água fria às 5h, antes de ir para a aula.
Mas se envolveu com o movimento estudantil, foi preso em uma manifestação na ditadura e acabou deixando a natação. Abriu um escritório de advocacia e entrou para a área de planejamento ambiental na prefeitura. Até voltar a treinar nos anos 80.
Acabou campeão mundial de nado master borboleta, em 1986. Mas logo focou na consultoria para o Plano Nacional de Recursos Hídricos. A natação ficou restrita às medalhas guardadas na academia criada pelos irmãos, às histórias narradas às duas filhas e às memórias físicas.
Com 1,85 m e "um corpo de deus grego", diz a viúva, brilhava nas piscinas. "Não é porque é meu marido, mas era o mais lindo." Ao visitar o Museu do Louvre e ver uma estátua grega de músculos esculpidos, não teve dúvida. "Era o corpo dele."
No ano passado ele disse ao irmão, campeão olímpico ("é de família"), que queria voltar a treinar. "Mas não tinha tempo". Morreu segunda, de infarto, aos 53.

obituario@folhasp.com.br

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